DESEJOS VÃOS-Florbela Espanca /Maria Thereza Neves

DESEJOS VÃOS

Florbela Espanca

Eu queria ser o Mar de altivo porte

Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a Pedra que não pensa,

A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,

O bem do que é humilde e não tem sorte!

Eu queria ser a árvore tosca e densa

Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza...

As árvores também, como quem reza,

Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,

Tem lágrimas de sangue na agonia!

E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!...

DESEJOS VÃOS

Maria Thereza Neves

Eu queria pensar mais alto que mar,

escrever como ondas que deitam , balançam.

Eu queria no silencio da pedra ,o meu atar,

nos caminhos que minhas mãos não alcançam.

Eu queria a grandeza, o ardor do sol ,

Sou humilde passageira em sombras.

Eu queria em mim todos os verdes

Não os vãos desejos que assombram.

Descrente, todos mentem, também choram ,

Pensam como gente, serem mais fortes,

O mar, árvores, asas aos céus imploram !

Do cair da noite ao nascer do aurora,

O mundo ri e em lágrimas agoniza ,

Só a pedra cala sem importar o agora .

10/09/07

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 11/09/2007
Código do texto: T647145