Ensaio I
S- O que você pensa?
M- O que penso que sei?
S- Você sabe se gosta?
M- Gosto de quê?
S- Você parece perdida. Queria te ajudar de alguma forma.
M- Perdida? Não sei. Você quer me ajudar?
S- Não sei se consigo.
M- É engraçado.
S- O que é engraçado?
M- Querer ajudar alguém, quando é a gente que precisa de ajuda.
S- Talvez. Não dá pra saber.
M- Mas dá pra sentir.
S- Sentir é algo tão abstrato.
M- A vida inteira é abstrata, e real.
S- Real... palavra difícil de engolir.
M- Nem tanto. Amor é mais difícil.
S- Amor... tem razão, difícil de engolir.
M- Esta aí algo mais abstrato.
S- Claro, amor a gente sente.
M- Será que sentimos?
S- De onde vem a certeza?
M- Sei lá! Acho que supomos. É o que fazemos melhor
S- Uma suposição sobre algo é a mesma coisa que um julgamento. Ou não?
M- Deve ser, talvez não. O que importa? Nós não paramos com nenhum dos dois mesmo.
S- Deveríamos parar.
M- Deveríamos parar.
S- Parar...
M- Parar...
S- (suspira)
M- (olha pra frente, suspira e vai embora) Até mais.