DESEJO DALTÔNICO
Viste-me feliz em teu beijo de verão.
vias teu beijo,
não vias a mim.
Mordias os lábios com medo do silêncio
e me vias feliz
porque feliz o beijo te parecia.
Acreditaste nele;
não sabias que beijo é sem sangue,
ele usa palavras da nossa mentira
nos exibindo em nossa farsa.
Deixavas o beijo pelo caminho
apenas para não te perderes de volta.
Mas o atalho antropofágico do etéreo
deglutia uma amargura sem tempero
e me levavas pela mão como se tivesse a chave do céu.
Sim! Amo as estrelas!
Para teu desgosto não consigo toca-las;
o que sei delas é menos que asa de andorinha
em incoerência de espingarda.
Que mais posso te dar além do beijo de despedida?
Se queres ver estrelas tira-me de teus olhos!
cansei de ser a venda
que me fazia carícia de autor desconhecido...
(MAURICIO DA C. BATISTA IN MEMORIUM)
A vista cansada de dissabores
impedia-me de sentir novos amores.
A timidez camuflava o encanto do beijo,
que chorava de alegria.
O beijo parecia parente da ousadia
deslizando com euforia pelas margens do nosso rio.
Sem nenhuma garantia de que o beijo tivesse o bilhete de regresso,
a imaginação ofertava o sabor do tempo presente.
Não davas importância para despedidas sem nome...
A visita constante de mentiras coloridas,
furtavam o sobrenome dos autores da vida.
Os laços do carinho nunca enfeitaram
a delicadeza real que o momento gritava.
Decepcionada...
virei as costas para outros olhares.
(ESTRELA BRILHANTE)