DESEJO DALTÔNICO

Viste-me feliz em teu beijo de verão.

vias teu beijo,

não vias a mim.

Mordias os lábios com medo do silêncio

e me vias feliz

porque feliz o beijo te parecia.

Acreditaste nele;

não sabias que beijo é sem sangue,

ele usa palavras da nossa mentira

nos exibindo em nossa farsa.

Deixavas o beijo pelo caminho

apenas para não te perderes de volta.

Mas o atalho antropofágico do etéreo

deglutia uma amargura sem tempero

e me levavas pela mão como se tivesse a chave do céu.

Sim! Amo as estrelas!

Para teu desgosto não consigo toca-las;

o que sei delas é menos que asa de andorinha

em incoerência de espingarda.

Que mais posso te dar além do beijo de despedida?

Se queres ver estrelas tira-me de teus olhos!

cansei de ser a venda

que me fazia carícia de autor desconhecido...

(MAURICIO DA C. BATISTA IN MEMORIUM)

A vista cansada de dissabores

impedia-me de sentir novos amores.

A timidez camuflava o encanto do beijo,

que chorava de alegria.

O beijo parecia parente da ousadia

deslizando com euforia pelas margens do nosso rio.

Sem nenhuma garantia de que o beijo tivesse o bilhete de regresso,

a imaginação ofertava o sabor do tempo presente.

Não davas importância para despedidas sem nome...

A visita constante de mentiras coloridas,

furtavam o sobrenome dos autores da vida.

Os laços do carinho nunca enfeitaram

a delicadeza real que o momento gritava.

Decepcionada...

virei as costas para outros olhares.

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante e MAURICIO C. BATISTA
Enviado por Estrela Brilhante em 19/06/2018
Reeditado em 19/06/2018
Código do texto: T6368386
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