FIM DE TARDE
Caminhando na praia deserta... só nós dois... de mãos dadas
A ouvir o melodioso canto das ondas do vasto oceano
A que balançam... e balançam... nossos cabelos ao vento...
Dentro de um único e mesmo compasso
Junto aos sonidos das gaivotas... cada vez mais retumbante
E entusiasmados... e fortes
A também degustarmos das labaredas úmidas de suas espumas
Acalentando nossos pés desnudos
No sentir o aroma da maresia ao ar daquele fim de tarde
A suavemente afagar nossas peles... pelo dia queimadas de sol
E ali... naquela perspectiva... a desenhar-se... somente nós dois
.
Oh, vislumbre do paraíso!
No arroubo a que se deixa levar nossas almas
E nada a se ter medo... no místico instante em que nele trafegamos
.
Os perigos a assaltar nossas mentes no tumulto das cidades...
Oh não! Não havia...
Nem poderia....
Ah, como canta noss’essência!
Divina graça
Na eufonia do que nela habita
A que não existia duas almas separadas
Entre tantas agitadas que não se conhecem...
Muito menos se entendem...
Todavia se trombam... quase que sempre...
Mas... não se comungam
O medo não permite... nem lhes outorga tal bênção
Visto que não se amam
Contudo... não aquelas duas vivas almas
E destarte seguem naquele saboroso areal
De mãos dadas... continuamente... ao que não se permitem largar
E sempre... a rumar ao desconhecido... sempre
E nada além do silêncio de noss'alma...
Nada poderia interromper momento tão sublime...
Tua mão na minha...
Nossas mãos unidas... como que coladas
E o mundo que não para...
Ou será que parou... ali no teu olhar?...
Nas palavras não ditas... em tudo que somos um pro outro...
Na cumplicidade de tudo...
E nas promessas (ainda) não cumpridas...
O pôr-do-sol que jamais esqueceremos...
Infinitamente...
Nós dois...
Sempre... e sempre...
.