Contei-lhes do meu sonho...
A alegria dos versos que são meus...
Do meu sonhar !!!...
E todos poetas a chorar...
Responderam-me então...
-Que fantasia!!!...Criança doida e crente...
-Tivemos ilusões como ninguém ...
-E tudo nos fugiu...
-Tudo morreu !!!.
Florbela Espanca.
...
Eles tentaram lhe convencer...
Que os poetas se tornam estéreis...
Gélidos e cansados.
Vão inúteis a arrastar os passos...
Com sua teoria...
Indiferentes mesmo a deixar...
A avidez do momento...
Seduzir.
Poetas estranhos !!!...
Reanimados voltam a ser cadáver.
No seu visível tremor abrem seus livros...
E dormem no pó de seus desperdícios.
Mas a poesia jovem...
Não se deixou levar por esse pavor.
Amar e partir tinham a alegria em seus versos...
Nas trevas não mais queria se refugiar...
Saiu a caminhar pela noite a expressar vida.
Sombras que não escreviam...
Surgiram com sementes germinada nas trevas.
A olhavam com seus olhos cinzelados e pedintes.
Seus versos estavam no seu embornal...
Mas queriam ver de seus dedos...
O verdadeiro nascer da poesia...
Para aliviar o peso da escuridão.
E sem dizer nada !!!...
Vez do gestos surgir boas palavras...
Deixou para eles a memória das mãos.
Que esfregava nos dedos...
O terço do instinto...
Para que a vontade fosse alma...
Na escuridão dos pedintes.
Sóis e luas...
A acompanharam até o mar...
Foi recebida com amor ardente...
E está se ajoelhou diante a maresia...
A assediar com sua riquezas e mistérios.
Suas palavras e o tempo...
Se misturavam com tal amor sedento.
Que o sal do mar banhou seu corpo...
A ungiu com espuma...
E a beijou com suas ondas.
E rodada num desafio...
A manhã acordou.
Florbela virou poesia...
Poesia nos olhos...
E sonhos para os poetas.
Romilpereira