CANÇÃO

Vem no som do vento,
Como uma onda sonora,
Calma e lenta se desdobra,
Ultrapassando o momento,
Não tem antes nem agora.


Vem como bem deseja,
Na paisagem matutina,
Divinamente adeja,
Festeja com o minuano,
Além terra, além oceano.


Silêncio fundo das horas,
Gestos simples – poesia,
Eloquência que não pensa,
De há muito já sabia.


Cúmplices do portento,
Viagem, plumagem suspensa,
No matizado procedimento.
Eu? questionamento, divagação...


Nada entendo do que digo,
Perdi-me, sozinho, comigo,
Tentando entender o que é.
Se já disse, não repito,
Apenas, me apoio na fé.


E vou vivendo perdido,
Sem possuir o sentido,
Envolvido pela canção.
Vou ganhando o infinito,
Com olhos de contemplação.


HLuna
Deley