Para quem ler, isto são apenas rabiscos do Trovador que pediu permissão à grande poetisa e mestra Aila para colocar aqui e divertir um pouco nossos poetas do recanto e na verdade nem sei bem como é o repente verdadeiro que é uma arte fantástica do povo nordestino. Eu ia cantar imitando voz de mulher nas estrofes oitavas que se refere a fala dela, mas a viola nordestina eu não consegui acertar rsrs Um abraço e Dona Aila obrigado.
REPENTE MIRO E AILA
INHO MIRO DE MINAS
E SÁ AILA DO PIAUÍ.
Um mineiro resolveu
Viajar lá para o Piauí
De longe ele percebeu
Um povo a se diverti
O som ele reconheceu,
Parecia inté eu já ouvi
A mulher do gosto seu
Na sua craviola a tini..
Miro foi se achegando
No quintal do barraco,
E já cumprimentando
Não se mostrou fraco,
Ela já lhe provocando
Senta aí moço polaco
Eu já estou desafiando
Tire a sua vila do saco.
O mineirim já se sentô
E acomodo sua bunda
A Sua viola ele mostrô
Admração foi profunda
As dez cordas ele afinô
E caprichô na segunda
Moça ocê mim disafiô
E vai levá é uma tunda.
Mineiro num se enrola
Ô num deixa aparente,
De pinho é minha viola
E nunca tocô o repente.
Mais gostei da craviola
Qui é bão fica aparente,
O disafio nóis disimbola
Cantano pra essa gente.
Foi aí que essa menina
Já mostrô sua vocação,
Pontiô nas duas turina
Ripicô na corda bordão
Seu miro intão disafina
E já mudô sua pusição,
E puntiô nas corda fina
Cumu si fosse um violão.
Dona Aila
Minerinho vei lá do sul
E diz qui é cabra sorto,
Vei exibindo o zói azul
Parece um pexe morto
Mando ele lá pra Cabul
Pra disimbarcá no porto
Sentô no banco o pitbul
Vai levantá é tudo torto.
Boi mineiro vem pra ca
Que quero te namorá,
Ei boi.
Inhô Miro
Minina num me atenta
Ieu não sô cabra froxo,
Se mexeu agora guenta
Num vale fazê muxoxo,
Seu calô mim alimenta
Quero bebê no seu coxo,
Sô cê qué briga sustenta
Ieu tenho é aquilo roxo.
Êta vaquinha manhosa
Será qui ocê é cherosa.
Ei boi.
Dona Aila
Sô Miro tu me respeita
Que eu sô é moça pura,
Tu chega logo se ajeita
Se deixá tu se pindura.
Eu não vô fazê desfeita
Se garrá minha cintura,
E se fizé a coisa direita
Nóis come da rapadura.
Ei boi meu boi marruá
Esta vaca vai te chifrá.
Ei boi.
Hinhô Miro
A gata dona Aila deu oi
Ieu gostei do seu miado,
Já um tempo que se foi
Que fugia de mau oiado,
Ieu num sô porcu roncoi
Nem sô um homi safado
Se quizé treta questi boi
Num aceito sê chifrado.
Vaquinha venha pra cá
Tô doidim pra te pegá,
Ei boi.
Dona Aila
Eu garanto não sê fuleira
Mas tu vai tê di amostrá,
É que esta sua furadeira
Nunca vai me desapontá,
Não vô sê muié treteira
Se é macho e me aguentá
Ou eu corto é na pexera
Se o chicote não levantá.
Ei boizinho pantaneiro
Vem berrá no meu terreiro.
Ei boi.
Inhô Miro
Morena do zói mortiçu,
Ta virano um tormentu,
Quanto mais ieu ti atiçu
Mais velóiz o muvimentu,
Ieu já caí no seu feitiçu
Mais issu num lamentu,
Quando nóis pará quissu
Pidu ela em casamentu.
Eia vaquinha relicário
Pode chmá o sô vigário
Ei boi.
Inhô Miro e Dona Aila
Assim nóis dois tremina
Cum esse nosso disafio,
É lá do Piauí a menina
Boi é doutro lado do rio,
Nóis vai mudá pa minas
O boi e vaquinha no cio,
Botá fogo na lamparina
Nóis vai frevê a fazê fio.
Dona Aila num gostô
E matô este cantado.
Ei boi.R