Aquarela

Minha querida poetisa...

Lendo-te outro dia...

Deparei-me:

Com uma aquarela...

Que com versos a pintava.

Aguça-me a memória

Querido poeta...

Pintava eu à noite

Em negrumes...

Com tintas prateadas...

Ou o por do sol...

Amarelo alaranjado,

Com uma esplêndida tinta

Dourada!!!!

Poetisa...

Tu também falavas do deslumbre...

Das cores do arco-íris...

Falaste da infelicidade implícita...

Na cor preta e branca...

De uma alma sem cor...

De alguém que não soube pintar a vida

Ah! Tristemente...

Volto-me a recordar...

Borrei minhas lembranças

Com o cinza.

Para enfim esquecer:

Os pálidos tons...

Dos seres opacos

Que se desbotam...

Ao passar do tempo...

Ao invés de resplandecer!!!

Pobres vítimas dos seus

Roxos amores.

Isso me faz pensar nas cores Poetisa;

Quando criança se perguntava assim:

___Você sonha colorido?

Todos pensavam para responder...

O porquê?

Não sei.

Mas divago sobre isso...

Por exemplo:

Quando falas de roxos amores...

Com essa cor?

Esse amor é um natimorto...

Nunca nasceu; foi um aborto.

E quando falas do arco-íris...

E do dourado, então?

Falas com tanta convicção...

Como se dourada fosse a vida!!!

Eu, querida Poetisa...

Prefiro as cores preta e branca...

Estes não nos dão a ilusão...

Que lindas e coloridas fantasias...

Nos dão.

A cor branca

Lembra-me a folha em branco...

Ainda virgem...

E eu com um lápis preto...

Pinto nela a cor que eu quiser

Entao querido poeta...

Porque se deter???

Resgate na folha

Com lapis de cor,

Momentos felizes!!!

Moldure harmonia,

Ilumine teu ser,

Com texturas alegres,

Em tons florescentes

Do amor e do prazer!!!

Porque meu querido poeta,

É num quadro em aquarela,

Que a vida

Apresenta-se,

Verdadeiramente, BELA.

Kellinho

Zana Santos