AMOR DE ANJO

Imaculado amor

Dois anjos enamorados

A que jamais se olharam

Nunca se sentiram

Muito menos se tocaram

Amor puro...

Místico

Porém real

Ou seria virtual?

Alados espíritos a flutuarem no paraíso de su’almas

Quais cadentes estrelas no ilimitado e infinito espaço

No frenético correr de seus movimentos

Estariam, pois a se procurarem?

E então assim são:

Duas sutis entidades

Separadas em seus mundos

Uma aqui fora

Outra dentro do espelho

Todavia não distintas

E sempre

Uma a contemplar a outra

Reciprocamente

A distância

Apenas um detalhe

Embora às vezes... fulminado de desejos

Mas não importava

Ao conformar inconformadamente da vida ser assim... a sua vontade!

E assim

Não se tocavam

Em nenhuma vez

Não se encostavam

Em nenhum momento

Não se abraçavam

Não se beijavam

Não se alcançavam

Não... no plano físico

Porém, se comunicavam

E em seu amoroso diálogo

Uma gravidez inesperada

E o inevitável parto cósmico:

As palavras... seus melhores filhos

Seus tão lindos filhos

A que à todas estrelas encantaram

A que à lua fascinaram

Contudo o que seria do amor dos anjos?

Destes dois anjos?

Afinal, em tempo algum poderiam se tocar

Não poderiam se abraçar... se beijar

Não poderiam se sentir

Do contrário perderiam então o seu encanto

Desvaneceria sua mágica

Cessaria destarte o seu canto

Oh, quanto castigo!

Oh, quanta maldição!

E foi assim:

Suas tristes sinas... seus duros destinos... suas sortes...

Mas até quando seria?

Por toda a eternidade?

Não teria Deus, de seus anjos, compaixão... piedade?

Não o mitigaria os seus sofrimentos?

Não abrandaria Ele as suas dores?

Não!

O amor não conhece distância

Não para os que realmente se amam

Como o amor dos anjos

Destes dois belos anjos

Com certeza, também os anjos têm que saber dizer a Deus:

“Seja feita a vossa vontade”

Ainda que para todos não seja tão fácil o dizer

Amor que não se explica...

Não tocam-se...

Sentem...

Geram filhos...

São compatíveis...

Incompreensível...

Há encantamento...

Sublime amor

Transcende qualquer

Distância...

Insignificante se torna

Qualquer espaço físico...

Oh, Deus dos deuses, conceda-os essa graça...

A de viver esse amor

Sem fim...

Que o tempo, não apaga...

Nem faz esquecer...

Tati Vitorino e Paulo da Cruz
Enviado por Tati Vitorino em 17/04/2017
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