FORÇA E SEDUÇÃO
(agonia de Sansão e Dalila)
I
O prisioneiro
Mulher, filha do vale de Soreque
Serpente sedutora de corpo sinuoso
Inflamaste meu espírito, até então
Consagrado ao Senhor, com o
Fogo avassalador da paixão.
Teus rubros lábios me cegaram de prazer
E a cegueira me trouxe a morte.
Morte moral, eis minha sorte.
Por um monte de prata, tu me atraiçoaste.
Oh! Víbora impregnada da cupidez!
Meus inimigos furaram meus olhos
Mas, saibas que tu, ó Dalila
Destruíste o meu coração.
Só peço ao Senhor, força uma vez mais
A fim de cumprir minha derradeira missão.
II
Do orgulho ao remorso
Sou bela, sedutora e ambiciosa
Fiquei rica porque fui astuta
Ó, Sansão! Tentaste me enganar!
Mas eu saí vencedora absoluta
Tenho todos os filisteus
Ajoelhados diante de mim.
Oh céus! Dizem que sou pérfida!
Pressinto algo devastador na minha vida
Por que sinto esse aperto na garganta?
Não durmo e vivo na escuridão
Ai de mim! Acorda, mulher arrependida!
Sofrimento grande se apodera do meu ser.
Perdoe-me, Sansão, meu amor!
Mate-me! Eu não valho viver.
Para sempre irei padecer.