O TEMPO DA VIDA
Longa e laboriosa *Paulo da Cruz jornada
E iniciam-se então os primeiros passos
As pernas ainda trêmulas... vacilantes... cambaleantes... receosas
As quedas... impossível evitá-las
E já na largada... a teimosa tentação em desistir
Pedras e obstáculos no caminho... infindáveis a que se parecem
Faz-se necessária coragem
Toda a força de um touro
E mirar os olhos... constantemente para frente
Embora por tanto que se distraem
Ah, desconhecido horizonte
E sempre alternados... todavia belos
Pela manhã... o clarão da alvorada
À tarde... a magia do crepúsculo
E ao meio dia... o calor do sol a castigar a desnuda e frágil pele
Faz parte
E de repente... eis toda a humanidade em suas confluências
Quantos encontramos!
Na verdade... com todos
Alguns prazerosos... afáveis... agradáveis
Outros difíceis... intragáveis
A ficarem somente a queixar... lamuriar... de tudo reclamar
Como é difícil suportá-los
Oh Deus, serei eu um deles?
A estes a que estão somente na penumbra do viver
Ou serei eu como aqueles a desfrutarem do vivaz colorido da vida?
Ou serei ambos?
Na verdade, nem sempre é-nos possibilitado... escolher
Embora faz-se necessário com todos... saber conviver
E seguir adiante... mesmo sem querer
Quão grave pecado deixar dissipar o tempo!
A permiti-lo ir embora sem que seja aproveitado
Como que a escapar as espumas entre os dedos semi-abertos
E não afagar suas águas em noss’rostos!
E depois ouvir os apertos da voz em noss’peitos
A clamar que aquele instante volte
Mas o tempo não volta...
Ó mundo a que se prende por tantas fortes algemas!
A nós seus eternos e, às vezes, voluntários escravos
Ó vida a que se pulsa no mistério de su’essência!
A todos que somos exilados de nós mesmos
Quem hoje seria capaz de abrir seus olhos... e ver de verdade?
Quem seria agora capaz de sorrir de fato para o mundo?
Quem neste instante não está perdendo o seu tempo?
Quem não está neste momento perdido no tempo?
Tempo... tempo... tempo...
Quem é teu dono?
Ou seria talvez o inverso: A sê-lo dono de tudo?
De nós!... Do mundo!... Da vida!...
Tempo... tempo... tempo...
Quem vos criou?
Quando?
Todavia, se houve um quando, o que haveria então antes?
Somente Deus?.... No tempo?
Ou o nada
Oh, quão absurdo estou eu agora agora a dizer
Até porque o nada não existe...
Tempo.... tempo... tempo...
Quem no-lo nos deu?
Deus?
Por quanto tempo?
Ou não deu... e apenas emprestou... o tempo?
Tempo... tempo... tempo...
Com certeza, no início, disse ele a todos:
Entrem dentro de mim
Fiquem à vontade
Mas sempre... em mim... amando-vos uns aos outros
Há espaço para todos
E jamais me percam
E jamais se percam
Somente assim, poderão saber... se são dignos da Eternidade!
Tempo a que arrasta nossas vidas
Qual navegar-se em diversos rios
A pedir-se para nós a ser amado
Quando, em verdade, é deveras por quase todos... ignorado
Esquivado, ou, quem sabe, até mesmo odiado
Pelo viver de uma humanidade a que se protela em viver
E, principalmente, em ser feliz
Como aos tristes olhos a que miram o desconhecido horizonte
Todavia, sem desejar a ele buscá-lo
Ou por medo, ou sabe-se lá mais o quê!
E, assim, agoniza noss’almas
Na calada da noite de um viver sem sentido... sem razão
A que não se é querido ou deveras notado
Esperando somente o morrer
E, por isso, eu digo por mim e por todos:
Ó Deus, tende compaixão de nós
E perdoai-nos este grande, se não for o nosso maior pecado!
Amém!
A vontade de vencer é maior; *Tati Souza
não me deixa ser vencido.
Continuo a jornada, árdua.
Focado no objetivo.
Sem saber o que me aguarda.
Os dias esplêndidos,
me convidando a não desistir.
Obstáculos tentam desviar-me do foco
e busco coragem nos olhares de gente,
encontro o teu olhar no imaginário.
Escravo desse tempo que passo em amarras, mordaças.
Carga pesada nos ombros cansados.
Servo do tempo?
Permitimos exílio.
Nesse tempo que corre veloz.
Sou eu sozinho a perceber?
Não!
Somos nós a consentir.
Enfadado, faz-se necessário
um tempo pro descanso
a escrever-te e driblar o tempo.
Triunfo eu nesse tempo sobre o tempo?!
*PoesiaGerandoPoesia
21/03/2017