A ÚLTIMA MORADA
Na esquina da alameda, um cemitério;
Ao perder-me na luz do dia achei-me na treva.
A natureza - essa mãe -, no eterno puerpério
Produz seus filhos e pede como entrega,
Num futuro certo as almas do mistério!
... Para onde vou?... Que direção seguir?
- Deixe a incógnita. Não responda, amigo! -
E perambulando entre bosques, prossegui
Entre anfibologias dum esconso inimigo...
E o labirinto: norte ou sul? Leste ou oeste?
... Oh, vida!... Oh, dúvida cruel!
Quando me vejo na classe média: um teste.
Ou seria a indigente classe? E por aluguel,
Anseio, em verdade, uma cova rasa; afinal
É nos fundos do cemitério o sonho de ficar,
Morar... deitar... descansar... atemporal!
Os mortos - amigos do silêncio - sem justificar
Serão condôminos, no mútuo esquecimento...
E eu, enfim, na esperança verde do renascimento!