Dueto: Se me perguntares
 
(LHenrique Mignone)
Se perguntares o que mais gosto em ti, em realidade,
Por certo não saberia te responder, assim de pronto...
Passaria alguns momentos, talvez um dia, pensativo,
Lembrando o que mais me cativa e nesse confronto
Procurando definir o que me causa mais felicidade...

Seria tentado a dizer que de tuas mãos, em um impulso,
Ao lembrar o enlevo que me causam, ao me acariciares
Dolente, com estes teus dedos que se mostram ativos,
Percorrendo todo meu corpo neste momento de amares,
Acolhido em teus braços, em teu abraço, com pulso.

Talvez dissesse que de teus olhos que me fitam pedintes,
Querendo mais a cada instante em que és minha amante,
Que alternam lágrimas de puro gozo com os de felicidade,
Que suplicam que penetre em busca de tua alma infante
E como uma luz me conduz ao paraíso no instante seguinte.

Quiçá dissesse que o que mais gosto em ti é de tua boca,
Com estes lábios sensuais e carnudos que adoro sugantes,
Com esta língua inquieta e dentes brancos de alvaiade,
Que me envolvem e se revolvem quando somos amantes,
Sentindo-me delirar e desvanecer em tua garganta louca.

Poderia confessar também que das aréolas de teus seios,
Da beleza que me mostras na turgidez de teus mamilos,
Ansiosos para receberem os tantos beijos que neles confio,
Tantos mais da profundidade de teu umbigo, onde vacilo
Em seguir adiante, em busca de teu cerne, sem receios.

Talvez, devo confessar, da tepidez de teus parcos pelos,
Na suavidade desta penugem que recobre tua essência,
Nesse misto de jovem impúbere e mulher em pleno cio,
Como te mostras agora para mim, sugerindo indecências,
Gemendo o gozo de fêmea, ao te bridar por teus cabelos.

Poderia dizer do suave enlevo de tuas coxas, de teus pés,
De teus joelhos, de tuas nádegas de linhas cossenoidais,
Onde a cada momento eu me perco, como se um vício,
Sentindo-te mergulhar junto comigo, por onde vou e vais,
Comprovando que o mais importante é esse tudo que tu és.


 
(Aliesh Santos)
Se me perguntares também o que mais gosto em ti,
Certamente que me faltariam palavras prontas,
Dessas eruditas, herméticas e cultas, porém fúteis...
Sobrariam apenas os gestos mais puros, singelos,
Revestidos de palavras sensuais, porém caladas e mudas,
Dessas que tantas vezes nos dissemos,
Sem precisarmos pronunciar nada, já que inúteis;
Dessas em que por tantas vezes viajamos,
Sem nunca sequer aplainar nossos voos.
Simplesmente, não responderia...
Apenas de teu corpo tomaria posse,
Em teu peito, aconchegando-me ao máximo,
Tentaria penetrar por tua pele, poros e braços,
Como se nesse laço tornássemo-nos um...
Com meu olhar de anjo, olhando-te fixamente,
Tentaria mergulhar no fundo desses teus olhos castanhos,
Procurando o amparo, a ternura desses doces lábios,
Que por todas as noites, como açoite, acaricia-me a face,
Beija-me o colo, suga-me os seios, afaga-me os cabelos...
Fazendo jus a meu título de tua dama e excelsa musa,
Levemente somente em tua boca sedenta tocaria,
Ainda tão e sempre molhada de prazer e desejo,
Tentando sentir com o toque de meus dedos,
A sensual rigidez de tua língua que, com absoluta maestria,
Tantas vezes me leva visitar o céu, as nuvens, o paraíso,
Experimentando o deleite de um gozo uno, profundo...
E se ainda quiseres saber o que mais gosto em ti,
Respondo-te como se fosse uma gueixa, submissa
E nua, entregando-te meu corpo em uma bandeja,
Pra que dentro de mim, deixe tua essência
E de mim faças o que bem te aprouver...
Sente a prova viva de que te amo tanto e sou tão tua,
Que posso ser o que tu quiseres, fêmea real e não miragem,
Posso ser teu anjo bom, disfarçada de menina selvagem,
Posso ser tua deusa poética vestida como antes,
Ou então despida para ser tua mulher e amante...
Aliesh Santos e LHenrique Mignone
Enviado por Aliesh Santos em 04/06/2016
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