Dueto: Eu sei...
 
Que era Você...
(LHenrique Mignone)

Ontem à noite, madrugada de confusos sonhos,
Senti, em minha cama, a inconfundível presença,
Reconheci o cheiro, o sabor, todos os olores,
Abraçado ao travesseiro, senti-me sugada a essência,
Vi-a se enrodilhar nos lençóis e ora quedo tristonho...

Ontem à noite, senti um corpo aquecendo o meu,
Senti a umidade da língua em busca da minha,
Lábios sussurrarem indecências, falando de amores
Que um dia existiram, sepultados hoje, quando definha
A imagem, ao nem mais saber o que é meu ou seu...

Ontem à noite, ouvi atento os apelos da voz rouca,
Murmurar de novo aos ouvidos os anseios do cio,
Como antes, quando éramos amantes e, em clamores,
Senti ecoando toda a inutilidade desse imenso vazio,
Por não estar acolhido em meios, sentindo-a louca...

Ontem à noite, senti o roçar de seios em meu peito,
O encaixe sempre perfeito do côncavo e do convexo,
No sorver mútuo despudorado de nossos tantos olores,
Despendidos a nos descobrirmos no desvario do sexo,
Chegando mesmo a senti-la extasiada em meu leito.

Ontem à noite, noite interminável, de difícil alvorecer,
Senti o calor de coxas me reterem como um laço,
Me conduzirem para o mais íntimo dos tantos amores,
Me tragarem no pulsar cíclico fremente de um regaço,
Para após acordar só... Mas, sei... Eu sei que era você...

 
Que era eu...
(Aliesh Santos)

Noite passada, revirando-me na cama,
Sentia nascer do fundo de minha alma
Calafrios que, provocados por teu vazio,
Percorriam ardentemente as curvas de meu corpo...
Talvez, na esperança de recordá-lo, ia refazendo sinuosos atalhos,
Atalhos estes que certamente fariam tuas mãos, se ali estivessem...
A cada novo pensamento, sentia esvair de meu corpo,
Lágrimas, suores, líquidos, delírios... Sensações que experimento,
Toda vez que nossos corpos se encontram...

Com o passar da hora, vi-me olhando-te em pensamento,
Flagrei-me excitada, agarrada em teus versos, como se estivesses comigo...
Tuas palavras vinham vagarosas e ao mesmo tempo aflitas, loucas,
Iam deixando-me nua, tirando minha saia e blusa,
Sugando-me os seios, puxavam-me pelos cabelos,
Insistentes, imploravam que fosse a teu encontro...

Sobressaltada, adentrei em meus desvarios,
Na esperança de que pelo menos em meus sonhos tu estivesses...
E, de fato, estavas...
Nu, dormias aparentando uma inocência que, não tivesse eu participado
De tuas mais deliciosas indecências, juraria ser realmente tua...
Não sabias, mas também estavas a minha espera,
À espreita de que minhas sensações te acordassem...

Como fera que ronda sua presa, aproximei-me de tua cama
Lentamente, fui deitando sobre teu corpo, aninhando-me em teu peito,
Habituando-me a tua temperatura, a teu sabor, a teu cheiro,
Encaixando-te entre minhas pernas, como chave à fechadura...
Sem suportar meus próprios instintos,
Fui-me livrando de tuas roupas,
Beijando avidamente teu rosto, mordiscando teus lábios,
Em teus ouvidos, sussurrando-te deliciosas obscenidades...
Ia esfregando-me em teu corpo, deixando nele impregnado,
Todos meus olores, meus líquidos, minha essência,
Demarcando todo teu corpo, como se meu território fosse...

Tudo isso para que, na manhã seguinte, ao acordares,
Em ti nenhuma dúvida restasse de que nos amamos...
Fiz tudo isso, apenas pra que tu soubesses que sou tão tua,
Que quando sonhas comigo ou me chamas, ainda que em pensamentos,
Superarei distâncias, atravessarei as ruas e, nua,
Sempre estarei contigo e, onde tu estiveres,
Viverei intensamente cada um desses nossos momentos...
Aliesh Santos e LHenrique Mignone
Enviado por Aliesh Santos em 11/04/2016
Reeditado em 11/04/2016
Código do texto: T5602206
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