Dueto II - No Verso ou no Inverso a Fusão e a Cura em Arte

Ana e tão somente Ana

-O olhar generoso de um poeta e o olhar Narciso do poeta-

“Agora Ana, que mesmo que te escreva ao contrário, ainda será Ana...”

Poeta querida, não há como expressar como tais palavras, não só essas como todas escritas,
me falaram e tocaram em profundidade, deram outro significado ao meu nome,
mexeram com meu mundo e outro sentido deram a minha humanidade.
Como é bom perceber que mesmo ao avesso, ao contrário ainda faço algum sentido,
ainda sou eu, mesmo em meu escárnio.
E que também mesmo em meio a essa bagunça de sentimentos e questionamentos,
posso fazer das palavras meu amado relicário, que mesmo absortas em agonia ainda
assim conseguem tocar, emocionar e cumprir assim seu trabalho.
Fico feliz que minhas palavras de desabafo tenham sido farpas a incomodar a sua humanidade
cansada e a sete chaves trancada.
Mas algumas lágrimas são bem-vindas pois lavam a alma com o sal de sua verdade
que por vezes arde, mas tantas outras vezes cura.
Assim como as gotas benditas que de meus olhos e alma brotaram, quando suas letras
dentro de mim ecoaram em todo seu vasto e acolhedor significado.
E te afirmo que não foi a primeira nem será a última vez que por seus escritos sinto dentro de mim
algo profundo ser tocado e despertado.
Devo admitir que mesmo o lado Narciso desse que se fez poeta, me dizendo que esse que estava fadado
a virar dueto, não foi meu melhor escrito, mesmo sendo inexperiente e um iniciante nisso....
Admito que mesmo ainda me sentindo indigna, para mim foi de grande valia e lisonja
que minhas palavras, simples palavras, que por você um dia foram estimuladas,
tenham falado com você tão intimamente, pois venho de muito lendo seus escritos
e me sentia contente. Contentamento que vinha do reconhecimento.
Pois sempre te li, sempre lhe admirei e muitas vezes em suas palavras abrigo e compreensão encontrei.
E se hoje com o mundo divido todo o pouco que sei, devo isso a você poetisa mestre e a amizade
que em teu peito despertei.
E é reconfortante saber que como artista, que nessa luta não fui a única que pelejei e continuarei pelejando
para algum sentido as minhas palavras, e ao ordinário da vida eu possa continuar dando.
E mesmo se em algum momento eu da luta esmorecer, é bom saber que no meu contrário, no meu avesso
Acharei um motivo para continuar a ser...
Ser poeta...
Ser artista...
Ser humana...
Ser narcisa...
Ser várias...
Ser nenhuma...
Ser simples...
Ser complicada...
Se solidão...
Ser companhia...
Ser luz...
Ser sombra...
Enfim,
Ser Ana.
E que sendo Ana isso baste
Em sua graça e desgraça
Defeitos e virtudes
Mas nunca jamais sendo outra
Que não seja Ana
Que não muda
Mesmo sendo lida de trás para a frente
De frente para trás
Na verdade, ela percebeu
Que a ordem na verdade
Agora tanto faz.

Ana Beatriz


Missão Realizada na excelência das Palavras

Deixo por um instante as sedas negras do andarilho e a nau do imediato navegante.
Deixo nesse instante o fio de energia, que demarca os limites entre minha “loucura” e minha poesia, se romper...
Das sombras me ergo e deixo-me ver, nessa humanidade que por ti foi tocada, que por segurança de tempos em tempos bom é ser trancada.
Deixo que te visite o mantra das estrelas e o som da criação que ecoa no silêncio do “om”
E como diz ser leitora de meus humildes registros, creio que esse brilho não lhe é desconhecido.
Veja só, mais uma vez esse poeta é surpreendido, creio que planejar é o primeiro passo do fracasso, pois tudo que empenhei energia em controlar no exercício intelectual da estratégia tornou-se tragédia...
Sabe, nobre poeta... Muito dediquei de mim, folhas que escrevi com o carmim, caldo grosso de minhas artérias, envenenado pelo esforço em ser e em não ser... E no fim o “ser” tornou-se tão pior quanto o “ter”, sobrevivi eons incontáveis, mudando de corpo e de espaços, sem saber o que fazer, pois quanto mais concertava, mais errado tudo e todos ficavam... Olhavam-me famintos e me esquartejavam para disputar meus pedaços, enquanto eu... Ah! Revela-se o segredo do desligar-se... Em meio ao fogaréu de paixões escolhi não existir mesmo que desse ainda muito de mim.
Nem pense em me fazer santo, trago comigo um rastro de pecado e de corpos multilados, e o mar que navego é de lagrimas que verteram para me sentenciar em minha iniquidade.
Prestes estou do ciclo do carvalho, onde se fecha o ano de meu trigenário, espero não ser aos 33 crucificado, mas se for, não será por santidade, mas por mérito de minha maldade.
O fato é que nesse ciclo que prestes termina, eu juntei meus pontos que neguei, e meus pingos que soneguei, arrumei, ou tentei, alguns “is”; mais uma vez tentei, pois culpado de tudo sou pela gana em tentar, eu não tenho pureza alguma, mas errei em meu percurso na tentativa de acertar, o acerto foi a motriz de todos os meus erros.
Tantos me devoraram e ainda devoram restos de mim, e continuam inertes e sem respostas, presos ao antigo mofo camuflado na pompa luminosa da nova era, mas ainda são as mesmas feras.
E tu, menina, nada precisei dizer, não dancei e não evoquei nada que já não fosse meu, acredite, se hoje és tu, antes tive de aceitar a ser “eu”.
Não precisei levar sua mente aos confins dos inglórios pretéritos, encontrou e se curou, não por mim, mas por força de teu mérito.
Nada te dei que já não tinhas, e não precisei ferir-te tanto no esmeril da lapidação, pois já não é bruta a joia de teu coração.
Em meu caminho nada é por acaso, se isso não é privilégio meu, eu não sei, mas durante um tempo julguei ser maldição... Te dei tão somente a motivação, a pena e a virgem folha, a tinta e a poesia é legado de teu quinhão, a arte é tua amante desde muito antes do advento de minha aparição.
Em liberdade siga... Ana
Sendo Ana
Sendo o que és
Pois és o que és... O diamante na coroa da rainha já foi pedra sem beleza, mas isso não lhe fere a preciosidade de sua natureza.
Siga sendo Ana
E sempre será Ana
no certo ou no inverso de um verso!
Que tua epifania seja a primeira medalha de minhas eras de poesia.
que chegue em todos que tentei despertar, mas preferem o coma e em quimera definhar...
Que a consciência em “ser” pelo que se “é” e não pelo o que se “foi” brilhe nos céus e no mar e que todos, que em minha vaidade tentei salvar, finalmente encontrem em nosso encontro o sentido perdido e reorganizem os verbos e adjetivos.
Ana diz muito, e agora talvez seja a minha hora de aprender, soltar o Martelo de Thor e ser Luana...
Ana encerra o ciclo de meu renascimento, assim como termina o nome de batismo de meu nascimento.

Agora já não me olhes tanto, me tenha em seu coração em forma de gratidão, já não necessitas agradecer, em amizade selada pela arte, nossa amiga, digo que siga em liberdade, Ana querida, com seus sonhos e sua poesia.
Em meu coração te guardo também em gratidão... Sempre disse: Salve um homem e salvaste a humanidade, então novamente lhe digo, vieste na doce melodia de Miguel e quieta observou e se beneficiou de meu labor... Aos meus olhos és hoje toda a humanidade, meu trabalho não cessa, segue pela imensidão, mas em ti vejo concretizada a minha mais árdua missão.

Namastê

Luana RC




 
Noah Aaron Thoreserc e Ana Beatriz
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 01/04/2016
Reeditado em 01/04/2016
Código do texto: T5591356
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