Oficina de Poesia
Tenho andado triste nestes dias nublados
em que a alegria põe-me a salvo do mundo
na face oculta onde a poesia projeta seu semblante.
Não uso disfarce quando a tristeza vem ao espelho.
Lavo o rosto,
sinto o gosto da noite
e o amargo das horas que a hortelã do beijo masca
com o hálito dos lábios do mesmo hábito.
Mas agora não quero saber dessas coisas;
minha tristeza não é laboratório de poesia
nem meus lábios são cobaias do sopro
com poucas praias no ensaio de seus ventos.
Quero ficar a sós
e descobrir o que fazem as pessoas tristes
no Outono de suas folhas secas
quando não existe poesia colhendo sementes
guardadas no silêncio de uma tristeza…
(MAURICIO. C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Os dias tristes ficam ainda mais acesos sem tua presença
que percebe a fisionomia melancólica da poesia.
Visto a máscara da alegria para encobrir o semblante
que tece devagar o olhar despido de saudade...
O arrepio sereno na pele sensível fala mais alto
quando o sussurro de um beijo grita teu nome.
A brisa calma traz a sensação de um olhar
perdido na eternidade...
No momento, preciso ficar comigo
e redescobrir o que o sabor da palavra tem a dizer.
Quem sabe num longínquo inverno
a tristeza possa se vestir de poesia
e disfarçar-se de encanto...
ESTRELA BRILHANTE