DUETO - VOZES DO MAR
Vozes do mar
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d’oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar? FLORBELA ESPANCA
Oh, Mar bravio por que me olhas furioso?
De mim não sentes pena, me dás teu abandono
Sou tua amiga, irmã, quero-te tanto
Pois acalmas minha alma que tanto se inflama...
Quero meu corpo banhado por tuas águas soberanas
Descansar minha cabeça, meu coração tão ferido
Segura-me com tuas mãos esse ser que te implora
Dai-me alento, traz tua paz, preciso de algum sentido...
Ouves meu soluçar em tantos prantos
Meu grito desesperado preso a garganta
Por que sofro assim, meu grande amigo soberano?
A tanto venho perdendo o encanto.... Isabel T. Cardoso