O cais do corpo
O cais do corpo
Teus olhos de tantas névoas,
tantas poeiras incertas... tão certas
Teus olhos tão cheios de medos,
incrédulos desejos, fantasmas,
E teus defeito que me alucinam
e fazem-me te amar mais e mais.
Teus rios que perderam as direções
entre ventos que eram nossos.
Tuas mãos trêmulas
nas certezas tão frequentes,
inquietudes das mentes.
E encontro entre as tuas névoas
os meus desejos,
e entre os teus horizontes,
os meus destinos já traçados
Esta ponte ambígua e una,
que redireciona os sonhos.
E eu fico preso na amplidão dos teu olhar
que entra fundo no meu coração.
Escrevinha minhas paredes
como se eu fora um papiro
Me rasga, queima, apaga e reescreve,
como se eu estivesse mais além.
Donde vem tuas caravelas?
Sinto a tua presença mais próxima
e quero teu abraço morno.
Já navegamos demais
por entre mundos
de sonhos e saudades.
Tantas estradas percorremos juntos
Aceitando nossas diferenças.
Já nos perdemos
e nos encontramos
em equadores curvos...
Já nos olhamos em becos,
e em camas, e em berços,
nossos olhos são muitos...
Fica comigo e eu ficarei contigo, sempre.
já fiz minhas escolhas,
já escrevi minha página principal
preciso de você,
para meu mundo ser completo.
E nesta incompletude nossa,
tão abissal, quiça o universo resolva colar os cacos
e construir um vitral...
Minhas mãos são as tuas mãos..
Tua boca é a minha boca...
E num beijo, voltamos ao começo.
Márcia Poesia de Sá e Paulo Moraes.