Pau Preto
PAU PRETO
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Carrego vidas tristes em mim, desgracas
alimentadas pelo sofrimento,
Carrego feridas do
tempo que mesmo sarando ainda sinto suas dores
na alma.
Vidas esquecidas no mar,
maltradas nos campos
ferteis do sofrimento,
corpos massajeados pelo
chicote das palavras.
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Carrego em mim a cor da escravatura,
Carrego em mim aparencias que se deixam
enganar, nao tenho cultura.
Carrego em mim os males do outrora,
Pau preto! O racismo nao e' de agora...
O jambire e a umbila, os mulatos das artes e a
aurora dos brancos.
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Carrego em mim ainda as artes macondes,
as
swikelekedanas dos retratos do meu povo,
os sabores
dos machuabos ressuscitando paladares
adormecidos pelo aroma artesanal.
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Carrego em mim pau preto,
o simbolo de uniao de
uma nacao ligada pela escultura.
Sou pau preto a madeira da vida,
que repousa em cabeceiras de um povo esculpido
de pau branco...
Cujo o seu semblante, o racismo espalha!
Gente fina, de pau branco que falta palha!
Para ser de nos pau negro, uma vassoura!
Para varrer todos os sofrimentos e cicatrizes aqui
deixados, para inaugorarmos uma nova africa
com uma fita e tesoura.
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Porem, isto tudo nao passara de um conjunto
de
devaneios trazidos pelas inumeras obras de pau
preto, que comtemplo nesta praca...
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Mauro Jose da Silva & Arnaldo Tembe