Andre Anlub e Rogério Camargo 199

As teorias da vida pareciam simplórias aos olhos nada clínicos do “bon vivant”.

Ser “bon vivant” também é uma teoria. Se é cínica, ele não decidiu ainda.

Assume suas contradições – quando tem tempo; sorri e debocha do sistema – quando há tempo.

Coça os dedos dos pés com os dedos dos pés. Palita os dentes e masca o palito, ficando com lascas entre os dentes...

Em terras dos “tudo pode” não se pode ficar empacado. Até pode! Mas com bastante contradição e sem intenção alguma, estimula e dá o molde de como sair da vadiagem.

O vazio do vadio. Obra complexa. Complexo de obreiro. Burro parado não ganha frete. Mas é o burro quem ganha o frete?

Vai à frente, mas sem dinheiro. Puxa o peso, mas ganha desprezo. O burro come e dorme como pagamento, igual a muita gente.

Isto é ser “bon vivant”? Ele dá de ombros e um pequeno chacoalhão na carroça.

Pessoas assim não estão em extinção. Burros e burros e espertos não estão em extinção. O que são quase raros são os sinceros.

Sinceramente deixa que escorra o suor do dia pelas pontas dos dedos e recosta a cabeça no travesseiro da aceitação.

Agora, relaxado, veio claramente, após uma súbita explosão, toda a teoria da vida; sua vida não foi nem é em vão. Está em vãos, em devaneios, e simplesmente carece de pouca reflexão.

“Deixa pra lá’, é o máximo de filosofia que alcança, depois de um dia puxado puxando sua carroça de descompromissos.

Rogério Camargo e André Anlub

(10/7/15)