Andre Anlub e Rogério Camargo 198

Quem veio com a chuva também trouxe um perfume, o perfume da chuva.

Veio o velho vinho seco, com o paladar faceiro, do que um dia foi somente uva.

Por alguns momentos quem veio com a chuva esquece que veio com a chuva.

Olhares lavrados nas jornadas da vida; nas fornadas dos tempos: vindas e idas.

Um olhar para o talvez, outro olhar para o quem sabe e o vapor do que ainda resta exala-se.

A chuva inverte seu foco: sobe à vista e desce invisível. O vinho inverte seu foco: torna-se fruto puro e nasce inebriante.

Uma leve tontura envolve quem veio com a chuva. Mira reflexos nas poças d’água e ri.

O sorriso, o jasmim, o molhado no seco e o vinho seco – terras de um sem fim. Sem fim do hoje e do agora que mira as poças secas e chora.

Rogério Camargo e André Anlub

(8/7/15)