André Anlub e Rogério Camargo 192
Não foi uma vez nem duas. Nem só uma vez dentro de cada vez
Foi a timidez vadia, ousada, que nada contra a corrente, nadando ao nada.
Do alto do muito embaixo as palavras tinham discursos bastante elevados.
Faziam caretas e se organizavam para formar ideias, onomatopeias singulares.
Significados e significandos de significativa insignificância dançavam conforme a dança do ritmo qualquer.
Astronautas do espaço das mentes pensantes; passantes céleres das mentes sedentárias.
Não foi duas nem três vezes. Nem tampouco se gastou a ponto de não estar sempre ali.
Em tom de fá, lá todos os focos dispostos nos fatos em si. O sol ilumina as palavras que surgiam e ungiam nos faltantes: dó, ré, mi...
Alguma coisa mais lúcida desponta com o sol. Mas o sol desponta atrás de nuvens cinzentas e elas querem apenas chover.
Deixa eu ver se entendi: não foi uma vez nem duas nem três; vocês dessa vez querem é me confundir.
Alguma coisa mais lúcida quer ver se entendeu. As nuvens cinzentas falam apenas de chuva e nada mais.
O sol sempre contundente quase perde um dente ao lutar boxe com as estelares palavras.
Nas suas anotações, que os ventos carregam para os confins do esquecimento, podiam-se ver: uma vez, duas, três...
Cartas nada castas com entrelinhas secretas de amor: poemas ecléticos e escritos libidinosos, prosas categóricas e sonetos diversos, tudo endereçado ao além... tudo muito claro, se não fosse tudo muito confuso.
Rogério Camargo e André Anlub
(1/7/15)