CANÇAO ESQUECIDA
Vamos fugir pelas frestas da sua porta
E deixar o veneno invadir os nossos corpos
Vamos e não tenhas medo
Já estamos sós
É o que temos de mais injusto
Vamos abraçar a noite
Com um vago sorriso melancólico
Feixe a minha porta porque eu não quero que o frio
Toque no meu coração
Quero apenas a velha canção já tão esquecida
Que adormecia as nossas ilusões.
Vamos iludir o amor e fazer dos sonhos
Pergaminhos de esperanças mortas diante das cinzas
Que incomodam nossos olhos
Hoje quero invadir os teus braços
E desejar embriagar de sede no deserto incerto
Dos teus passos que me traz nostalgia
Da pátria perdida de quando tudo era
Amargas ilusões no efêmero de viver
Vamos nesta poesia fugir dos nossos corações
E com uma pedra na mão atirarmos na ilusão
De que o amor existe
Vamos que a manhã pode nos acordar
E esta noite é infinita se esta canção não parar de tocar
É infinita se a porta ficar entreaberta
E as palavras testemunharem em silêncio.
Mas o vento lá fora sopra
Com portas abertas em nosso peito cicatrizado
Ruas vazias nos chamam para brincar
Mesa, copo e o vinho que nos embriagam
Num eterno sonhar
E nas esquinas sonolentas
Tecer fantasias tão mortas de outrora.
FABIO RUSSO E JOAB