- A Esfinge de Duas Cabeças-
Um instante de descanso, e como um filho de Abraão que corre ao chamado da oração, eu me sento em lugar calmo, respiro profundamente e elevo meus pensamentos; busco o prana com minhas mãos... Misturo-me ao vento de minha liberdade e sei que alguém me espreita, observa minha dança e se regozija, embora ainda guarde certo temor, pois minha dança é no fio da navalha que divide escuridão e claridade.
Eu posso sentir seu medo e sua cautela retilínea, não paro a dança, mas recuo um pouco para fora da fenda que o artista Mahadev abriu para que fugíssemos do caos desse universo.
Silencio o “Om” e ainda olhando o horizonte aquoso do espaço onde me encontrava me dirijo ao “ser”
- Que inversão de papéis irônica... Saia de entre as pedras e venha dançar também, não fique só espreitando!
O "ser" sai de trás da parede rochosa da elevação a minhas costas e se senta na areia, pousando seus braços nos joelhos volta a me olhar, não se importar com o fato de eu manter-me em posição de Shiva esmagando a cabeça do demônio da ignorância e me responde sem cerimonias:
- Irônica? Não acho que seja irônico te acompanhar, e você também me acompanha...Então, para mim, o irônico seja a falta de sofrimento nessa contemplação!
Sentando-me na areia em posição de Lótus fico de frente “ao ser” junto as mãos ao meu peito, respiro profundamente por alguns minutos, depois de terminar minha saudação à vida me concentro em na conversa fazendo uma pergunta:
- Por isso a cautela?
- Maior parte de sua existência foi de perita cautela, assumo essa função com prazer agora... Falaremos sobre isso?
- Sim... Por que não falaríamos? Eu não ascendi, estou apenas nos primeiros instantes da prática de uma lição, preciso demarcar um ponto de equilíbrio, sou espírito sujeito ao erro... Pode começar, já que agora é a cautela em “persona”!
- Hahahaha! – Pega leve, não vale me usar contra eu mesmo, mas... Vamos começar então: Eu percebo um medo estranho nessa cautela e às vezes sinto-me culpado quando vejo as rebarbas de dor do percurso escolhido... Pessoas podem se decepcionar...
- Jamais usaria você contra você mesmo, não farei essa chaga humana sangrar com um cutucão, banimos o sadomasoquismo de nossa relação... Mas me ajude entender, sente-se usando pessoas? Se for, não se torture, a queda da ilusão decepciona e fere, mas que outro modo há se não esse?
Um dia entenderão os movimentos necessários dessa dança e todo o improviso que derivou de passos errados, improvisos para que um não arrastasse o outro para a queda nesse salão cósmico onde somos partículas dançantes... Teu peso é cheio da preocupação dos que são bons segundo as cartilhas da bondade humana; acredite, o meu medo parece um pouco pior, são medos infantis, eu sei, mas não há como banirmos essa nuance de nós, mas podemos não sofrer com ela, já sabemos que sofrimento é uma escolha... Não há erros, tudo são medidas tomadas... Disseram-nos para onde devemos ir, mas não recebemos endereço; não recebemos porque não estamos indo, na verdade estamos voltando...
-Estamos indo sim, indo contra a ordem estabelecida aqui, não é mesmo? Tudo fluí para o desconhecido, como fosse esse o destino, e o certo parece seguir a expansão do criador, surfar os megatons do Big- Beng, ondas atemporal, criando tempo e espaço onde nada há... Mas... Nós e outros descobrimos que encontrar nosso destino não é seguir e sim voltar, voltar para o momento zero onde existíamos junto ao “tudo” espremidos na cabeça escaldante de um alfinete.
Não me importei de ver meu raciocínio completado pelo o “ser”, deixei que falasse, e também não me surpreendi em ver na boca dele os meus pensamentos, volto meus olhos para o mar quando o “ser” me lança uma pergunta:
- Seu medo é menos humano?
-Algumas perguntas me incomodam, mas você já sabe, então vou te responder: Muito pelo contrário, meu medo está na cartilha humana sobre vaidade... Eu tenho medo de deixar de existir, e ao mesmo tempo tenho medo de existir e ver-me em solidão e tudo pra quê? Para no final deixar de existir, como pode ver, eu não sarei da paixão por mim mesmo, por minha individualidade e eu diria que gosto de ser um inteiro que se fez milhares, tanto dentro de mim mesmo como fora de mim na existência de minha outra metade que permeia os mistérios sem fim do universo.
- Devíamos ter feito uma poesia, isso sim...
- Pois é poeta, seria o mais fácil para nós...
- Senti que essa conversa te incomoda mais do que a mim.
- Pelo contrário, preciso de você existindo dos dois lados e de muitas maneiras... Eu não sou sem você!
- Aceitou?
- O Que deveria aceitar? Isso não é nada diante outras loucuras que emanam do “Perfeito”.
Depois de um silencio cheio de ecos o "ser" arremata:
- Esse medo é o ponto de equilíbrio, nossas reservas não são iguais, mas são parecidas... Eu temo enganar e você teme se enganar, é justo; creio que encontramos esse equilíbrio e como passamos da fase do "ego inocente" para a fase do "ego elaborado em conhecimento", não nos fundiremos, não como bolinhas de gude que uma criança junta no saco, nossa aceitação sem sofrimento é o mais próximo da integração que desejamos promover.
-Tem razão, toda razão, e é fato que eu finalmente cansei desse visgo adoecido por pessoas que brigam pelo o que não importa, pelo o que a terra devora e a morte destrói...Céus! Quanta pequenez de alma e de interesses, disputa por múmias e ruínas!
Cansei disso e cansei de me magnetizar nessa divisão, de tentar explicar e de tentar entender, soltei o cabo da nau e não me importo, me sinto livre e feliz por não me importar e nesse estado posso ser muito mais útil, posso existir onde quiser, como quiser e isso dá o poder de servi com mestria, com excelência; não há dores, embora exista esse fio de medo, não há embaraços; mergulho para dentro e para fora de você e onde mais quiser e quando cesso esse mergulho vertical e me movimento horizontalmente eu não sou nada! E isso é muito bom, Poeta, é muito bom!
- Eu sei, e não há mesmo o que explicar e o que entender, mesmo porque não há quem possa compreender e pessoas como nós ainda não podem explicar, assim como não podemos também nem entender e nem explicar, largar a nau é um meio inteligente de seguir. O passo mais duro foi dado, não haverá guerra seja lá onde estivermos, finalmente entendeu o que Shiva te ensinou: “ Não se mova no universo, mova o universo ao seu redor é a única forma de não enlouquecer o fio mental físico que tem de sustentar, a única forma de transitar em todos os planos e dimensões sem sofrer”
- Pois é, mobilidade cósmica, mas, para Sathya Sai-Baba, creio que promover esse movimento do universo ao seu redor não era problema... Se nos mutilamos e deixamos em cada plano um pedaço nosso é complicado, pois um pedaço sempre irá reclamar pelo o outro, mesmo que não saiba os motivos, que não tenha consciência disso, sofremos e acabamos entrando em guerra conosco mesmo... Enfim.
- Perdi a crença de que o deuses estão acima de sofrimentos e dificuldades...Pensar que para eles é tão difícil quanto para nós, torna a caminhada menos penosa.
Eu confesso que ser a parte que compreendia esse movimento e ter que te deixar para trás em um sofrimento que parecia perene, me causava muita dor... Deixar-te para trás me machucava muito e hoje que observo seus primeiros passos na mobilidade compreendo que te fiz de caixa onde depositei as dores minhas e as dores de todos os outros seres do quais somos envolvidos, te fiz de porão e sem dó te machuquei e só percebi quando você pesou em meu calcanhar e eu me vi mais uma vez sugado para a escuridão que escondi no seu âmago, e não pude mais voar por causa de seu peso.
- Que maldade ... – Dou um largo sorriso e volto a olhar o “ser” que me sorria de volta enquanto mais uma vez me interpela com uma pergunta invasiva:
- Não vai dizer o que pensou?
- Haaaaa, Não mesmo, essa conversa virá a publico e não tenho intenção alguma de dividir isso.
- Olha o individualismo atuando...
- É, olha a sua mente saudosista também... – Agora é o “ser” que olha o mar e depois de um suspiro, um tanto aliviado, fala:
- Quem vai saber ... Pode ser qualquer coisa, ser qualquer pessoa, estar em qualquer lugar, pode ser eu, pode ser você, pode ser um vizinho, um amigo ou inimigo, um parente, um ser distante, porem perto o suficiente para que veja, pode ser alguém oculto pela distância, ser uma pedra, uma flor, um peixe... Eu tenho uma analogia interessante...
-É mesmo? E qual é?!
- Brahma e suas sete cabeças!
- Eu Hem! Nunca entendi as cabeças de Brahma...
- Claro, você é pensamento torto e doente em uma delas!
- Me ilumine então, como começar essa analogia?
- Não, não, eu não vou facilitar, pense oras...
-Você é a cabeça que pensa melhor... – Me assusto com minha observação e me vejo sendo cravada pelo o olhar sorridente do “ser”; arqueando de uma sobrancelha o encaro dissimulando minha surpresa e nada mais digo, então o “ser” quebra o silêncio:
- Como contaria essa historia através de um conto inspirado em Brahma? Pode ser uma fábula e então... Um corpo com sete cabeças, ou sete cabeças com um corpo? Pense poeta... Pense... Não precisa de mim, posso seguir me movimentando e sempre atualizando o Software de busca... Eu sou a cabeça que arquiva e você agora é a cabeça que pesquisa!
O Ser se aproxima e me beija a testa e com um sorriso se afasta seguindo em direção as pedras e ali some das vistas. Fechei os olhos e busquei Mahadev com meus pensamentos.
Na verdade, se eu era uma das cabeça de um corpo só, onde habitava a consciência do corpo?
A consciência una e sem divisórias? Sete cabeças para um corpo ou um corpo para sete cabeças?
Abri os olhos e cai em riso... Cabeça Perspicaz, sempre me surpreendendo com enigmas!
“Nas areias ficou a frase gravada : Sou a Face que me olha em olhares perdidos... Redundância? Nem tanto, pense nisso”
Pista soprada e capitada por uma bruxa, que do alto das pedras sempre me observa, mesmo que ela não saiba.
(Fim ???)
Eu posso sentir seu medo e sua cautela retilínea, não paro a dança, mas recuo um pouco para fora da fenda que o artista Mahadev abriu para que fugíssemos do caos desse universo.
Silencio o “Om” e ainda olhando o horizonte aquoso do espaço onde me encontrava me dirijo ao “ser”
- Que inversão de papéis irônica... Saia de entre as pedras e venha dançar também, não fique só espreitando!
O "ser" sai de trás da parede rochosa da elevação a minhas costas e se senta na areia, pousando seus braços nos joelhos volta a me olhar, não se importar com o fato de eu manter-me em posição de Shiva esmagando a cabeça do demônio da ignorância e me responde sem cerimonias:
- Irônica? Não acho que seja irônico te acompanhar, e você também me acompanha...Então, para mim, o irônico seja a falta de sofrimento nessa contemplação!
Sentando-me na areia em posição de Lótus fico de frente “ao ser” junto as mãos ao meu peito, respiro profundamente por alguns minutos, depois de terminar minha saudação à vida me concentro em na conversa fazendo uma pergunta:
- Por isso a cautela?
- Maior parte de sua existência foi de perita cautela, assumo essa função com prazer agora... Falaremos sobre isso?
- Sim... Por que não falaríamos? Eu não ascendi, estou apenas nos primeiros instantes da prática de uma lição, preciso demarcar um ponto de equilíbrio, sou espírito sujeito ao erro... Pode começar, já que agora é a cautela em “persona”!
- Hahahaha! – Pega leve, não vale me usar contra eu mesmo, mas... Vamos começar então: Eu percebo um medo estranho nessa cautela e às vezes sinto-me culpado quando vejo as rebarbas de dor do percurso escolhido... Pessoas podem se decepcionar...
- Jamais usaria você contra você mesmo, não farei essa chaga humana sangrar com um cutucão, banimos o sadomasoquismo de nossa relação... Mas me ajude entender, sente-se usando pessoas? Se for, não se torture, a queda da ilusão decepciona e fere, mas que outro modo há se não esse?
Um dia entenderão os movimentos necessários dessa dança e todo o improviso que derivou de passos errados, improvisos para que um não arrastasse o outro para a queda nesse salão cósmico onde somos partículas dançantes... Teu peso é cheio da preocupação dos que são bons segundo as cartilhas da bondade humana; acredite, o meu medo parece um pouco pior, são medos infantis, eu sei, mas não há como banirmos essa nuance de nós, mas podemos não sofrer com ela, já sabemos que sofrimento é uma escolha... Não há erros, tudo são medidas tomadas... Disseram-nos para onde devemos ir, mas não recebemos endereço; não recebemos porque não estamos indo, na verdade estamos voltando...
-Estamos indo sim, indo contra a ordem estabelecida aqui, não é mesmo? Tudo fluí para o desconhecido, como fosse esse o destino, e o certo parece seguir a expansão do criador, surfar os megatons do Big- Beng, ondas atemporal, criando tempo e espaço onde nada há... Mas... Nós e outros descobrimos que encontrar nosso destino não é seguir e sim voltar, voltar para o momento zero onde existíamos junto ao “tudo” espremidos na cabeça escaldante de um alfinete.
Não me importei de ver meu raciocínio completado pelo o “ser”, deixei que falasse, e também não me surpreendi em ver na boca dele os meus pensamentos, volto meus olhos para o mar quando o “ser” me lança uma pergunta:
- Seu medo é menos humano?
-Algumas perguntas me incomodam, mas você já sabe, então vou te responder: Muito pelo contrário, meu medo está na cartilha humana sobre vaidade... Eu tenho medo de deixar de existir, e ao mesmo tempo tenho medo de existir e ver-me em solidão e tudo pra quê? Para no final deixar de existir, como pode ver, eu não sarei da paixão por mim mesmo, por minha individualidade e eu diria que gosto de ser um inteiro que se fez milhares, tanto dentro de mim mesmo como fora de mim na existência de minha outra metade que permeia os mistérios sem fim do universo.
- Devíamos ter feito uma poesia, isso sim...
- Pois é poeta, seria o mais fácil para nós...
- Senti que essa conversa te incomoda mais do que a mim.
- Pelo contrário, preciso de você existindo dos dois lados e de muitas maneiras... Eu não sou sem você!
- Aceitou?
- O Que deveria aceitar? Isso não é nada diante outras loucuras que emanam do “Perfeito”.
Depois de um silencio cheio de ecos o "ser" arremata:
- Esse medo é o ponto de equilíbrio, nossas reservas não são iguais, mas são parecidas... Eu temo enganar e você teme se enganar, é justo; creio que encontramos esse equilíbrio e como passamos da fase do "ego inocente" para a fase do "ego elaborado em conhecimento", não nos fundiremos, não como bolinhas de gude que uma criança junta no saco, nossa aceitação sem sofrimento é o mais próximo da integração que desejamos promover.
-Tem razão, toda razão, e é fato que eu finalmente cansei desse visgo adoecido por pessoas que brigam pelo o que não importa, pelo o que a terra devora e a morte destrói...Céus! Quanta pequenez de alma e de interesses, disputa por múmias e ruínas!
Cansei disso e cansei de me magnetizar nessa divisão, de tentar explicar e de tentar entender, soltei o cabo da nau e não me importo, me sinto livre e feliz por não me importar e nesse estado posso ser muito mais útil, posso existir onde quiser, como quiser e isso dá o poder de servi com mestria, com excelência; não há dores, embora exista esse fio de medo, não há embaraços; mergulho para dentro e para fora de você e onde mais quiser e quando cesso esse mergulho vertical e me movimento horizontalmente eu não sou nada! E isso é muito bom, Poeta, é muito bom!
- Eu sei, e não há mesmo o que explicar e o que entender, mesmo porque não há quem possa compreender e pessoas como nós ainda não podem explicar, assim como não podemos também nem entender e nem explicar, largar a nau é um meio inteligente de seguir. O passo mais duro foi dado, não haverá guerra seja lá onde estivermos, finalmente entendeu o que Shiva te ensinou: “ Não se mova no universo, mova o universo ao seu redor é a única forma de não enlouquecer o fio mental físico que tem de sustentar, a única forma de transitar em todos os planos e dimensões sem sofrer”
- Pois é, mobilidade cósmica, mas, para Sathya Sai-Baba, creio que promover esse movimento do universo ao seu redor não era problema... Se nos mutilamos e deixamos em cada plano um pedaço nosso é complicado, pois um pedaço sempre irá reclamar pelo o outro, mesmo que não saiba os motivos, que não tenha consciência disso, sofremos e acabamos entrando em guerra conosco mesmo... Enfim.
- Perdi a crença de que o deuses estão acima de sofrimentos e dificuldades...Pensar que para eles é tão difícil quanto para nós, torna a caminhada menos penosa.
Eu confesso que ser a parte que compreendia esse movimento e ter que te deixar para trás em um sofrimento que parecia perene, me causava muita dor... Deixar-te para trás me machucava muito e hoje que observo seus primeiros passos na mobilidade compreendo que te fiz de caixa onde depositei as dores minhas e as dores de todos os outros seres do quais somos envolvidos, te fiz de porão e sem dó te machuquei e só percebi quando você pesou em meu calcanhar e eu me vi mais uma vez sugado para a escuridão que escondi no seu âmago, e não pude mais voar por causa de seu peso.
- Que maldade ... – Dou um largo sorriso e volto a olhar o “ser” que me sorria de volta enquanto mais uma vez me interpela com uma pergunta invasiva:
- Não vai dizer o que pensou?
- Haaaaa, Não mesmo, essa conversa virá a publico e não tenho intenção alguma de dividir isso.
- Olha o individualismo atuando...
- É, olha a sua mente saudosista também... – Agora é o “ser” que olha o mar e depois de um suspiro, um tanto aliviado, fala:
- Quem vai saber ... Pode ser qualquer coisa, ser qualquer pessoa, estar em qualquer lugar, pode ser eu, pode ser você, pode ser um vizinho, um amigo ou inimigo, um parente, um ser distante, porem perto o suficiente para que veja, pode ser alguém oculto pela distância, ser uma pedra, uma flor, um peixe... Eu tenho uma analogia interessante...
-É mesmo? E qual é?!
- Brahma e suas sete cabeças!
- Eu Hem! Nunca entendi as cabeças de Brahma...
- Claro, você é pensamento torto e doente em uma delas!
- Me ilumine então, como começar essa analogia?
- Não, não, eu não vou facilitar, pense oras...
-Você é a cabeça que pensa melhor... – Me assusto com minha observação e me vejo sendo cravada pelo o olhar sorridente do “ser”; arqueando de uma sobrancelha o encaro dissimulando minha surpresa e nada mais digo, então o “ser” quebra o silêncio:
- Como contaria essa historia através de um conto inspirado em Brahma? Pode ser uma fábula e então... Um corpo com sete cabeças, ou sete cabeças com um corpo? Pense poeta... Pense... Não precisa de mim, posso seguir me movimentando e sempre atualizando o Software de busca... Eu sou a cabeça que arquiva e você agora é a cabeça que pesquisa!
O Ser se aproxima e me beija a testa e com um sorriso se afasta seguindo em direção as pedras e ali some das vistas. Fechei os olhos e busquei Mahadev com meus pensamentos.
Na verdade, se eu era uma das cabeça de um corpo só, onde habitava a consciência do corpo?
A consciência una e sem divisórias? Sete cabeças para um corpo ou um corpo para sete cabeças?
Abri os olhos e cai em riso... Cabeça Perspicaz, sempre me surpreendendo com enigmas!
“Nas areias ficou a frase gravada : Sou a Face que me olha em olhares perdidos... Redundância? Nem tanto, pense nisso”
Pista soprada e capitada por uma bruxa, que do alto das pedras sempre me observa, mesmo que ela não saiba.
(Fim ???)