RESPOSTA DE RODRIGO FRIGATO A "RECÔNDITO EXCRUCITANTE"
ESPECTRO DIÁFANO
Espectro diáfano do que não é vida, nem morte,
Da vida estou farto,
e a morte traz tudo, menos o que quero.
Sou apenas o escravo miserável de minha própria memória,
o eco estridente do meu ser.
Vejo o amor em preto e branco,
e o ódio me espuma a boca,
sou pedaços dilacerados do que um dia fui,
carne pútrefe, matéria morta, esfarelando ao respirar.
O espelho se nega a olhar pra mim,
sou o reflexo febril de um feto criado a mercúrio.
O sol nasce novamente e no fedor de fezes me ponho a deitar,
na companhia de vermes da cama com quem divido.
(Rodrigo Frigato)
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RECÔNDITO EXCRUCITANTE
Mal o sol acabou de se por, as trevas taciturnas abrem a boca
Fétida do crepúsculo – cadáver plasmado pela torturante carnificina
Alimentando milhões de parasitas multiformes
Submergidos do encéfalo pútrido da noite, numa gula hedionda
Em minha morbidez ignota
Angustiosamente encolho-me entre larvas e sanguessugas
Sob as sombras de uma lua negra, repleta de chagas sanguinolentas
Como um animal medonho,
Um ancestral endêmico da demência
Espectro diáfano, do que não é vida, nem morte.
(Edna Frigato)