RESPOSTA DE RODRIGO FRIGATO A "RECÔNDITO EXCRUCITANTE"

ESPECTRO DIÁFANO

Espectro diáfano do que não é vida, nem morte,

Da vida estou farto,

e a morte traz tudo, menos o que quero.

Sou apenas o escravo miserável de minha própria memória,

o eco estridente do meu ser.

Vejo o amor em preto e branco,

e o ódio me espuma a boca,

sou pedaços dilacerados do que um dia fui,

carne pútrefe, matéria morta, esfarelando ao respirar.

O espelho se nega a olhar pra mim,

sou o reflexo febril de um feto criado a mercúrio.

O sol nasce novamente e no fedor de fezes me ponho a deitar,

na companhia de vermes da cama com quem divido.

(Rodrigo Frigato)

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RECÔNDITO EXCRUCITANTE

Mal o sol acabou de se por, as trevas taciturnas abrem a boca

Fétida do crepúsculo – cadáver plasmado pela torturante carnificina

Alimentando milhões de parasitas multiformes

Submergidos do encéfalo pútrido da noite, numa gula hedionda

Em minha morbidez ignota

Angustiosamente encolho-me entre larvas e sanguessugas

Sob as sombras de uma lua negra, repleta de chagas sanguinolentas

Como um animal medonho,

Um ancestral endêmico da demência

Espectro diáfano, do que não é vida, nem morte.

(Edna Frigato)

Rodrigo Frigato
Enviado por Edna Frigato em 17/08/2015
Reeditado em 03/02/2016
Código do texto: T5349104
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