Mil e Uma Faces (HéliojSilva)
MIL E UMA FACES
Sou a antítese de tudo que é perfeito
Sou o paradoxo das mil e uma faces,
Tenho alegria e saudade em meu peito,
Nos labirintos de segredos e disfarces.
Sou centelha sulfúrea na escuridão
Querendo iluminar a treva abominável,
Sou água da correnteza na contramão,
Desaguando em rio impuro e instável.
A dualidade está explícita em mim,
De maneira clara e contraditória,
Onde sou guerra e paz sem fim,
Nas batalhas de derrotas e vitórias.
De tudo isso então, afirmo que nada sou
E quando sou, me vejo limitado e pecador,
Na verdade, muita coisa já me cansou,
Apesar da minha consciência de lutador.
Procurei a ilusória rosa dos ventos
Para soprar meu ânimo e desilusão,
Amiúde e algozes pensamentos,
Nos breves resquícios de reflexão.
Heliojsilva 28/07/2015
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face a face a minha na tua mão
corpo de éter e anteparo de aves
arco-íris na lâmina dos ares
não sou se tu não me falas
no prisma de teus olhares
à minha janela molhada
clave do sol
sou dó(r) levitando em si
meu dorso em ti um tu
que se nasce em mim
na margem de ser
ágora de agora
agudo e oblíquo o voo no centro do labirinto
é_gregora troiana e grega sem repouso
outro labirinto em pauta
não minto que tudo
é promíscuo
sutil tosco
e vasto
heteronizo-me em eróticas linhas de um fosso escuro
- aparentemente - errático - onde tua centelha
me incendeia o ser
de salamandra
e candeia
não resta nada nos sobra muito
de tudo que nos falta subtrai e ausenta
e nada se cala o que centrífuga e afugenta
tudo se nos avança e ama
na luta de ser algo engano
tudo se nos inquieta
claro escuro
silêncio urro
respiração e rastro,
isso que nos ousa e brota
de dar em n'água
é feitio de fátuo e frágua
isso que nos aflora
no peito diluído e brusco
é girândola de ouro rútilo.
Alessandra Espínola 28/07/2015