Promessa estilhaçada – Um duo
A fronte triste pende e a mão tremente e bela
resguarda esta maçã, que junto aos seios trago,
pois nela cravarias teus dentes, sem estrago,
salvando em mim fiéis, os bicos de donzela.
Maravilhosos seios pontiagudos neles embarco
Meus lábios sedentos ousam profundo mergulho
Para enlevo da alma depura, sem nenhum orgulho
Saboreio beijos demorados e sacio meus desejos
Assim, ofereci meu corpo em ti gazela,
à ilusão de um som no qual em paz naufrago,
pois nesse ardor viril, sem pressa ao céu pressago,
há mares de pecado em cores de aquarela.
Viagem lúdica e saboreada por belos sentimentos
Que a epiderme retrata com demorado acalanto
Tudo se derrama e se condensa em suaves arrepios
A pele acusa os momentos únicos e inesperados
Eivada de paixão, saudade em tempo espera...
Olhei-me toda nua e em vão no quarto escuro,
rugi nas minhas mãos. Fui dor e fui quimera!
Nos ombros de Morpheus, chorei por mente insana...
Que agradável frenesi ver teu corpo esbelto e nu
Religado ao meu ansioso, voluptuoso e propenso
Ao toque mágico, dos dedos, ao olhar mais intenso
Tudo em ritmo constante, suave, forte e melodioso
Não há como negar a liturgia que se configura
A festa explode e se transparece de leveza e cura
Mordesses a maçã, roguei de modo impuro,
aos castos deuses meus. És tu meu céu... Nirvana!
Silvia Mota & Hildebrando Menezes