André Anlub e Rogério Camargo 179
Veio a ideia de organizar as nuvens; uma aqui, outra acolá, e uma bem grande na frente do sol para não ofuscar a visão durante a labuta.
O vento colaborava e atrapalhava, juntando e desjuntando. O vento parecia se divertir muito.
O parque de diversão para os que veem além da visão; a razão que não míngua de viver e deixar viver a permuta.
Uma troca desigual: a intenção da brincadeira pela alegria genuína, que não precisa de artifícios para ser perene.
Uma nuvem mais cheinha à esquerda, uma nuvem menos cinza lá pelas tantas da direita, e no mata-borrão do azul de um domingo de sol... deixa-se quieto.
Não há o que fazer e tudo está se fazendo. Não se mexe uma palha e o universo não para de se mexer.
Veio um plano de apagar o sol e acender a lua... Loucura! Essa fantasia passou ligeira, foi deixada para outro ano.
A loucura é livre. Como qualquer é livre de confundir loucura com genialidade.
Devolve o dinheiro ao banco, embaralha as cartas, junta o dominó na caixa, desfaz o quebra-cabeça e depois as nuvens pintam todas as peças de branco.
Organizadas, como a liberdade lhes permite, elas chamam o vento que já estava ali e o vento que já estava ali comporta-se como quem chega.
Por conta própria o sol resolve apagar e a lua acender, o céu torna-se mar e o mar resolve ascender. A loucura volta a ser lúcida no lapso dos olhos que a veem.
Mais uma eternidade passou, escorreu por entre os dedos, desfilou diante dos olhos. Depois dela, todas as outras ainda estão ali.
Rogério Camargo e André Anlub
(18/6/15)
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