POEMA DA VOLTA
Naveguei ao acaso, sem norte, nem rumo
Viajei em um batel, com destino ignorado
Naufraguei nas brumas e perdi meu prumo
Voei pelos céus feito um doente alucinado
Fui levada pela desventura e pelo desatino
Feito um menestrel que procura melhor voz
Como se fora alguém que quer o seu destino
E vai encontrar e lutar contra o valente algoz
E era eu a “Nau Lu”, desnuda e destroçada
Bailando ao som de caliente tango argentino
Que encontrou um poeta muito bem inspirado
A dançar faceiro como se fora um portenho
Em meu mar de desvarios quase me afogo
Diante das ondas em fúria numa ressacada
Ancorarei em tua praia exaurida e fatigada
Na solitude da areia, senti teu suave afago
E ergui-me, sustida em teu regaço amigo
Vou descansar no teu colo que é meu abrigo
Sorvendo a brisa balsâmica no teu contato
Que me aquece e me sustenta feito alimento
Ao caminhar pela orla ensolarada, contigo
A vida se transforma em aliança comigo
Comecei a sorrir, crendo que ainda posso
Sentir as emoções que antes eu guardara
Encontrei a ti e emergi do fundo do poço!
Lourdes Ramos & Hildebrando Menezes