CATARSE – Um duo
Complicado é, tentar conter a dor
De quem sem perdão, dilacera o peito
Há que se dar evasão a todo tipo de amor
Porque só com ele pode se dar um jeito
Ao sorrir sangrando, sem nenhum pudor
Sem querer, mascara um sentir perfeito
O que não se faz em estado de torpor...
Todo o sangue acelera e depois se alastra
O Poeta sabe o que corrói a alma
Do que procurar maquiar seu rosto
Você deve se dar um banho de lama
E assim estar preparado, com gosto
E parece que a angústia se acalma
Se dissimular da face um desgosto
O corpo pede um toque com calma
Passado o outono, véspera de agosto
Mas há um sentimento introspectivo
Que devagarzinho começa aflorando
Há que se contaminar no coletivo...
Primavera deslumbra e vai chegando
Pois o escrever, será o simples motivo
Se meu versejar lhes parecer sombrio
Não há como resistir a um comboio
Construir caminhos poéticos alternativos
Nada mais será do que um exorcismo
Renovando as águas, como faz um rio
Passo a passo o que vale é o pluralismo
Assim vence, com ternura, o desvario.
Lourdes Ramos & Hildebrando Menezes