André Anlub e Rogério Camargo 149

Os balões estavam cheios, a banda afinadíssima, aperitivos e drinques em dia e os convidados a caminho.

Talvez fosse a festa. A intenção era de que fosse a festa. Mas seria a festa?

A pergunta ecoava pelo silêncio e o vazio do salão, onde de antemão a banda havia ensaiado.

Uma tensão de expectativa percorria os olhares, crispava as mãos, entesava as costas. E um sorriso tremia nos lábios.

A projeção era tamanha que a cabeça foi pouca para tantas suntuosas, perfeitas e interessantes imagens:

O perfeito fracasso, a perfeita frustração, o perfeito insucesso, o perfeito fiasco, a perfeita decepção...

A insegurança há tempos ultrapassou o pessimismo – saiu em disparada –, fez a curva do desespero e deixou lá trás o talvez que queimou a largada.

São noites dentro de dias. Algumas com lua cheia. Outras cheias de luas minguadas. Em quanto isso, a música espera.

São dias fora de dias. Alguns com sol sedento. Outros com fome de mingau salgado de sol. E por agora nada de música.

Afinados instrumentos que desafinam intenções, que descompassam objetivos. Atentas leituras fora da pauta, diapasão desconexo.

Para a alma inteiramente encabulada e o ar que queria o banho da música só resta aceitação; todas as energias junto à doação ficam bem guardadas para a próxima ocasião.

Talvez amanhã, talvez ano que vem, ou mesmo agora, que as pessoas começaram a chegar e parecem tão felizes...

Rogério Camargo e André Anlub

(12/5/15)