André Anlub e Rogério Camargo 142

O mal entendido entende mal o entendido e pouco se entende.

O ponto de vista entra na briga e qualifica quaisquer versões.

O ponto de vista tem convênio com a vista do ponto. Quase uma sociedade. Quase um conluio.

São comodistas, pois pertencem a quase todos os lados ao mesmo tempo... Só há uma rejeição com o em cima do muro.

Atender a tudo é atender a ninguém. O mal entendido quer atender a tudo.

Com essa incumbência terá que atender a porta para o inoportuno; fará com o segundo lugar o pacto para um possível primeiro.

O pacto, compacto, gera impacto. Vem com ele a “luz” da discussão. O entendido diz que já sabia, enquanto o mal entendido procura nas entrelinhas a solução.

As entrelinhas de linhas grossas, de cabos de aço fazendo-se de linhas, deixam transitar um trem por ali.

Trem de aço – trem de “poréns”, de sim – não – talvez –, rumo ao espaço onde cabe o universo e um pouco além.

Trem de carga – a carga são os passageiros, passageiros como as certezas de quem não entendeu ainda.

O mal entendido se diverte com a divergência do humano e o desumano; morre de rir e zomba com o engano entre o divino e o mundano.

O mal entendido, bem entendido, é tudo que não deveria acontecer para não acontecer o que não pode acontecer.

E há no vão das afirmações um segundo mal entendido estendido entre elas – separando-as, provocando-as –, colocando lenha na fogueira e na fornalha dos trens que nunca chegam.

Rogério Camargo e André Anlub

(5/5/15)