O nascer da poesia
A poesia nasce nos becos sem saída
Nas madrugadas sofridas, alma traída
Na desilusão, ela aflora com maestria
No amor correspondido plena harmonia
No olhar sutil, de relance meio sorridente*
Que foi lançado parecendo de soslaio
Numa gargalhada gostosa e estridente
Retirado lá do mais profundo balaio
Cada poema tem seu momento exato
Reflete nos versos o êxtase imediato
Paixão convertida em sussurros sensuais
Na personificação dos prazeres carnais
Nasce no repente do poeta inspirado*
Que foi tocado por algo assim inusitado
E não há como fugir desse momento
Algo mais profundo toca o sentimento
Corpos entrelaçados na fúria sem limite
Na avidez perdida, na ânsia que excita
Lábios inchados feridos aguçam o apetite
Há todo um ritual mágico que se exercita*
E acontece como a prece mais bonita
Na avidez sentida de todo o universo
Insaciáveis desejos cantados em versos
A poesia renasce também na alma aflita
É preciso estar bem atento para bem captar*
O que o espírito vier de mansinho lhe assoprar
Para os encantos multiplicarem nosso amor
E se perca na ousadia do poeta sonhador
Flor de Lótus e Hildebrando Menezes.