A vida é sempre inédita
Ao acordar vejo a chuva
Batendo em minhas vidraças
Com pingos grossos e caudalosos
Não é a mesma em dia nenhum
Traz no seu bojo algo de escandaloso
Ela cai de uma nuvem também diferente
Como na efemeridade de um algodão-doce
Refletida de um céu de azuis desiguais...
Ora escuro, ora brilhoso
Quer saber? …
Estou pensando me transformar
Hoje também serei diferente como a chuva
Quero ser companheiro de suas mudanças
Vestir-me-ei do colorido das mariposas
Só para alegrar o seu olhar curioso
Arriscar-me-ei seguir outros caminhos...
E o farei com o melhor dos meus carinhos
Porém, não sem antes sob o céu,
Dançar com a insanidade!
Sem fazer nenhum escarcéu
De quem nada profana ou se ufana
Experimentarei em cálices,
A supra vitalidade contagiante
De quem proclama e não se cala
Degustarei os poemas de Maiakóvski
Deitado esplendorosamente em berço esplêndido
E petiscarei o diferente das diferenças...
Para me sentir grandioso e eloquente
Nada mais em mim será trivial
Mas quero ser de ti igual
Ou igual às manhãs de meu café com leite
Passando manteiga em mordidas crocantes
Sairei quebrando todas as rotinas
Sem regras das enfadonhas repetições
Porque em verdade, elas são só minhas escolhas...
Lufague & Hilde