Diante de mim – Um duo
Diante de mim uma folha em branco
assim como eu gostaria que fosse a vida.
Nada escrito. Nada preestabelecido.
Fosse nos dado o direito de esboçar em tela
Nossos desejos mais íntimos e secretos
Para que tudo estivesse registrado na aquarela
E a cada pincelada pudessem nascer novos projetos
Dar asas à imaginação e nos deixar levar.
Poder começar e não apenas recomeçar.
A liberdade de criar, inovar, elevar e recriar
Como se fosse à dança de uma criança
Os recomeços trazem inúmeras lembranças,
vêm com o passado, remarcados de velhos enredos,
antigas esperanças, sonhos mal nutridos, gorados.
Que se pode construir da semente não germinada
No útero da terra seca... Que foi contaminada
Diante de mim uma folha em branco
assim como eu gostaria de me sentir
ao tocar meus pés no desconhecido e desbravar,
sem prever o acontecido.
O que se pode desvendar desse cenário
Com as faces encobertas pelo martírio
Onde os atores contracenam escondidos
Leve... Ao descobrir um novo mundo
e a brisa a me soprar torpor profundo.
Tudo assim, à frente, se descortina
Abre-se um mundo de possibilidades
Ao tatear a vida pela primeira vez
e esquecer a história que se desfez.
Novos planos, novos atos de amar
Não recomeçar apenas! Começar...
Sem erro, sem dano, sem abandono.
De um lado o começo... De outro, o sonho.
Sem nada capitular, sem desenganos...
Abrem-se novos palcos, novos desenhos.
Carmen Lúcia & Hildebrando Menezes