Amizade ou Amor?
Quando entardecer as circunstancias e o sol se por,
O frio da solidão vem, abraça a nudez a descompor.
Um sorriso, um olhar, uma afeição implexa,
Levam á brindar, idealizar, utopias desconexas.
Longe ou perto, consciencioso ou incerto
A distância jamais impede um bem querer,
Explode em dialetos sem tradutor,
Canção exilada de ignorado autor.
Quando a emoção arrebata a alma
A imaginação voa em delicada calma
O coração bate contente e compassado
Pensamentos chegam até ao amigo amado.
O caminho da vida segue trilhas em alusão,
Há conflito entra a realidade e a paixão.
Domar o sentimento elícito e ambicioso,
Vale mais o amigo que amante fantasioso.
A amizade não é mais vista com reciprocidade,
Qualquer contato faz a alma delirar em veleidade.
No peito oscila o que está claro e evidente,
A amizade sincera virou amor incoerente.
Não há mais controle o coração dita as regras,
Uma vontade sobrenatural de total entrega.
Tantas sensações causam frêmitos segredados,
Para preservar o amigo, tudo mais deve ser renunciado.
Ainda que em silêncio carregue no peito a tortura
O nó na garganta, na lágrima sabor de amargura
Na consternação um hino solitário entoa,
Do amargo sabor de quem ama a toa.
Luzia Ditzz,
Campinas, 21 de março de 2015.
Amor ou amizade?
(Marcelo C T Ribeiro)
Quando se está carente
Algo aparece, devagarzinho
Você não percebe, nem mesmo sente
Vai chegando bem de mansinho.
Um email, um oi “à distância”
Uma boa atenção não demanda presença
Pode estar em Moscou ou em sua vizinhança
O pior é estar rodeado de indiferença.
Amigos indispensáveis estão sempre ao redor
Dispensam comentários e retribuição
Importam-se quando você está na pior
Não esperam chamá-los e já lhe estendem a mão.
A amizade é um bem incalculável
Ignora a aparência, nem mesmo vê o seu rosto
A questão é quando ela se torna afável
Vai embora então se vier do sexo oposto.
Começa a encorpar-se, preencher o seu tempo
Pensar nessa pessoa transforma seu humor
Desloca seu corpo como a força do vento
Não há mais dúvidas. Certeza que é amor.
Vê-la pessoalmente já não é como antes
Algo incontrolável essa estranha sensação
Sonho eu ao seu lado como dois amantes
Cresce em mim o conflito entre o amor e a razão.
Preciso conter-me pois sei que não é recíproco
Sei que se ela notar, não aceitarei caridade
Uma pessoa provocando sentimentos tão ambíguos
Amigo e amante não convivem em pé de igualdade.
Doce ironia que a vida nos prega
Tantas sensações vindas de uma só pessoa
Dá-nos uma paixão e a amizade nos carrega
Deixando um amargo na boca de quem ama à toa
Marcelo C T Ribeiro.