Só(brio)
O meu pensamento são
fragmentos,
Peças...
Decrépitos desconjuntos
Em bibliotecas e museus.
Sou uma multidão de eus
— dizem...
Sou o pérfido sonhador
Num mundo em rebentos.
Chamam vento,
A multidão do ar em movimento.
O ar,
A tal canção sem sentimentos
É um colchão do respirar...
... Ainda no meu alento
Sou uma multidão de
sentimentos.
Respiro
E sou um algodão da ventania.
Sou o meu próprio opróbrio
Porque nada tenho.
Com os demais fico estático
Extansiando
Monologando...
Sou o desenho vago de pessoas
gramaticais.
Permaneço nascente
Nasço sempre
E não deixo de ser presente.
O frio se perde no meu leito.
O calor se ancora no meu peito.
Sou um azul norte,
O norte sem sul...
... A tal aspiral desabrochando
num rio,
O rio sem fim.
Sou do só
Com o sol e o sombrio
— levanto-me
E me faço assobio...
O meu cântico
É o cântico da coragem.
Marllon Neves & Moisés Jalane