DESAGUAR

Ondas percorrem as vertentes dos teus cabelos

Seguindo o curso da ilusão dos ventos

Brotam nas águas a cristalinidade dos pensamentos

Surgem nos ventos recordações, momentos belos (...)

Olho o horizonte e o futuro está tão longe

Que é urgente a memória d' outros tempos a marulhar

Neste mar de ilusões, a cantar canções de embalar

Para poder me salvar,

Salvar o presente vazio

Que corre veloz como para o mar corre o rio

Corre entre as brisas do acalentar

Corre sincronizando-se com o mar

Harmonizando as almas no silêncio

Cobrindo os sonhos e revelando os instantes sadio(s)

Aquecendo os frios, no alvor desse sentir da ilusão

Dando voz nas águas que deságuam na inspiração

Ah momento tão belo

Tão forte, tão pleno...

A junção das águas como fontes

Envolvendo-se e saltando as pontes

Onde os poemas nascem aos montes

E os braços d' água se envolvem em abraços

Beijos, afagos e flores nos regaços

Onde brotam mil pedaços de amor

Onde pintamos-nos e ganhamos cor

Com mil razões para se eternizar

Enraizados na orla do mesmo a(mar)

Com este desaguar que embebeda as almas

Trazendo as ondas da saudade em chamas

Num momento único sem definição

Apenas se definindo na razão sem idade

Apenas porque fala a voz da emoção

Eu, nós e o mar

Percurso deste desaguar

Nas linhas do traço amigo

Pintura, desenho, caminho

Onde vai parar?

Este sentir que nos faz amar

O dia a respirar

Palavra que o vento guarda

Traz e leva, e nos mata e salva

O desaguar toma o rumo da infinidade

Ganha expressão, com a voz da liberdade

Seu trajecto será que conhecemos!?

Seus sinais apenas seguimos

Somos adultos, crianças!?

Mantemos-nos nessa onda, ou apenas crescemos!?

Nesse tempo que desagua em nós,

Formando laços, atando nós

Tornando redundante o seu desaguar

Em palavras, desse poetar

18/12/2014

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko e Maria Clara Santos
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 18/12/2014
Código do texto: T5073923
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