Atípica (tipicamente)
Vivo nesse inferno particular
Na crença de que há esperança
Nessa "sentição" sem fim
Sem compreender os espaços em mim
(Mas descobri que há outros lares
Onde habita esse tipo de coração
Onde a cura pro tumor é a canção
Nos equilibrando nas irregularidades)
Vivo no meio da ponte
Choro sem nenhum porquê
Sou do inverno, sou de câncer
Vejo em toda manhã horizonte
(E em cada horizonte a escurecer
Na chegada da noite, uma estrela
Sou de Junho, sou de Julho. Um embrulho
De asas de borboleta sempre a bater
que bobeira!)
Vivo entre passado e presente
Entre apego e saudade
Entre sóis e luas claras
Sei o que há no sorriso ausente
(E o que não há na presença fugaz
Mesmo que por vezes engane a gente
Na terra do nunca cremos no sempre
E o futuro que nos traga, o tal rapaz)
Vivo na corda bamba
E que a poesia me corrija
Que a realidade não me obrigue
A não ser feliz como sou
(E como tento, nesse meu jeito aprendiz
E que cada sonho que versejo em agonia
Transforme minha realidade um dia
Antes que ela me defina no que eu nunca quis)
Buscar a magia no mundo
Fazer festa por ver o mar
Querer o amor sem tamanho
E nunca deixar de sonhar
(Nos contos somos as próprias fadas
Com seus fardos doloridos, coloridos
Pelo eterno sorriso de criança danada
Que somos até que a morte nos separe)
.
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. . . da esperança de sermos amadas!
&lis* e Lis Nogueira
Um encontro das luas, que de todos os outros encontros de todas as luas, são essas de câncer que parecem já nascerem curiosamente interligadas. Obrigada por isso, querida Lis!
“Sonho que se sonha só. É só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas).