O Guerreiro Frente ao Espelho

I-Não posso falar do fruto doce da paixão
Pois dele não provei...
Tenho como falar da queda da ilusão
Posso falar da maior porção que bebi
O fel amargo da verdade desconstruída
do castelo levado pelas ondas do mar
posso fala da coroa bruta que me foi instituída...
Uma segunda porta, entre a sombra e a claridade
pela eternidade esquecida...

II-Em campo aberto galopas tu mais veloz que o vento
Carrega o peso de uma armadura
Não te cansa o peso do elmo e nem te fere as setas do inimigo...
Não te cansa o peso da espada
e não te espanta o sangue junto a poeira de tua galopada...
Mas depois da batalha... Choras e tão fraco teu espírito se mostra
Duas pessoas... Uma para lutar
e outra pra cair e lamentar...
Uma  que deseja tudo
e outra que chora por nada em um canto do mundo...

III-Quem te disse que não me espanta o sangue?
E que meu corpo não ressente o peso de meu uniforme?
Quem ousou dizer-te que não me agride a morte?
Choro as dores do peso da espada
Ter sempre que lutar, por tudo e até pelo direito de não ter nada...
Quem te disse que sou fraco por chorar?
Somente os fortes lamentam o sangue do inimigo
Somente os fortes são capazes de verter dos olhos um oceano de amargura...
Somente os fortes sabem lamentar a brutalidade da guerra
mesmo que esteja soterrado nela!

IV- E eu que pensei que a vida em campo florido
Em um mundo novo iluminado por um sol de esperança
Teu formoso espírito novamente criança te livraria da agrura de tua alma
Agrura que somente é tua e de ninguém mais...
Ainda tens o melhor de ti...
Sufocar tua dor para que outros possam sorrir...
Mesmo ferido, está ali, sendo forte, mesmo quando fraco, luta pelo amigo...

V- Eu nasci e morri muitas vezes...
A guerra não é só na poeira do campo de batalha
É o dia a dia, é viver... é amar... E eu que pensava que perdoar
era mais fácil que pedir perdão...
Sou sensível e minha alma chora de joelhos e pede perdão
Mas se for perdoado como perdôo, serei mil vezes amaldiçoado!
Sim... Eu sou dois... Em guerra comigo mesmo...
Aquele que cai pedindo clemencia 
A outra parte minha, que cruel, até é indulgente
e não se importa em carregar um saco de dor
pois perdoa no quente magma do rancor...



 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 21/11/2014
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