O PALADINO E A DONZELA
Fragmento do conto novela O PALADINO E A DONZELA
(Por Aglaure Martins e Moses Adam)
Meu amado Paladino
De volta para meu agreste
recebi a revelação
quando ajoelhada orava
na capela de Santo Antão.
Estava triste, chorava...
Presente a desesperança.
sua ausência eu reclamava
e chorei como criança.
E na palavra de Paulo
meu coração é tocado
sendo no Coríntios treze
o real amor confirmado.
E assim falava a escritura:
“ Ainda que eu falasse
As línguas dos homens
E dos anjos, e não tivesse
Amor, seria como o metal
Que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom da
Profecia, e conhecesse todos
Os mistérios e toda a ciência,
E ainda que tivesse toda fé
De maneira tal que transportasse
Os montes, e não tivesse amor,
Nada seria.”
“ O amor é benigno,
tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.”
Atenta nessas palavras
meu coração aliviou.
Nasce outra vez a esperança,
todo pranto já cessou.
Confio na Santa escritura,
no amor que Nosso Pai enviou.
Na semente da candura,
pois na Terra a semeou.
"Tua Donzela apaixonada
Vitória de Santo Antão, 20/03/09"
.
Aglaure Martins, JP.2003/2009
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Do seu amado Paladino.
A Homilia.
À minha amada Donzela
No seminário recluso
A quaresma foi guardada.
Maior fome, maior sede
Tua falta, ó minha Amada
Que por mim tem esperado
Em paixão imaculada.
No Seminário menor
A São José, dedicado
Ouvi tão forte homilia -
Com meus irmãos, congregado;
E me vi prostrado ao chão
Confessando o meu pecado.
Minha querida Donzela
Qual será o maior pecado?
Senão este que eu ouvi,
E me deixou quebrantado
Ao ver Cristo sendo entregue
Culpado por meu pecado.
O meu irmão franciscano
Falou com todo o cuidado,
Sem conhecer nossa vida
Revelou todo o pecado;
Seguindo o texto divino
Em Pedro, eu me vi culpado.
“Naqueles cravos pregados,
Com ódio e com ironia,
Vejo todos os pecados
Que eu pratico a cada dia;
Que trazem prazer à carne
E, à minha alma, a agonia.
Eu sou Pedro, o discípulo,
E prometo o que eu não posso.
E eu o nego a cada dia,
Mas, meu pecado lhe endosso,
E assim vou caindo mais
E mais fundo, eu me fosso.
Sou filho morto e perdido;
A ovelha desgarrada;
Sou a esposa prostituta;
A terra amaldiçoada;
Sou o réu sentenciado;
Sou a filha desvairada.
Os cravos - o meu pecado
Em Cristo sendo encravado;
Derramam o sangue inocente
Por causa do meu agravo;
Mas no sangue do Inocente
O perdão é revelado.
Os olhos em mim fixados,
São os olhos do seu amor
Que suportam solidão
Enfrentando toda dor;
Que gemendo ainda chamam
Este verme sem valor.
No meu coração é noite.
Miserável traidor.
Neguei quem sempre me amou
Sou o maior pecador.
Não mereço ser chamado
De apóstolo do Senhor.”
Com Pedro também eu choro:
- Ó meu Deus porque esse Amor?
Sou eu quem tem te negado.
Trago em meu peito o amargor.
Pois me amando te entregaste
E sofreste a minha dor.
“Voltando-se o Senhor,
Fixou os olhos em Pedro...
Então, Pedro, saindo dali,
Chorou amargamente”
Evangelho de Lucas 22.61 e 62
O seu amado Paladino
Crato, 10.04.1938 do ano de nosso Senhor.
Moses Adam
F.V., 1004/2009