Grito (Com Roberto Romanelli Maia)

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Há dentro de mim um eterno e sombrio grito

que costumo dar quando me vejo ultrajada, usada

e não sei quantos são os decibéis que ele atinge

vai rasgando minhas entranhas sem dó

atravessando o vão do tempo

Grito,para varrer mágoas, dores, tristezas

espetar desafetos e desamores

quando ecoa, muda de sons conforme as muralhas

mas o faço com vontade, raiva

varrendo o que tenho dentro de mim em fúria

Levanto as mãos se precisar reger os acordes

sintonizo tudo, sei que gritando aplaco minhas inversões

não recuo nem temo quem me ouve

porque outrem que me escuta sabe as razões

que algo forte dilacera-me aos poucos

Quase uma cotovia me jogo nesse vôo perdido

sem vergonha das reações,

meu grito vem coberto de emoções, daí me acalmo

quando coloco pra fora tudo que fere meu coração

para jamais me arrepender...

No entanto seu estrondo é efêmero e dilui no espaço

a calma que sucede esse desabafo é serena

sei que são pequenos modos que tenho

para chorar minhas descrenças ou tudo

que quis desafiar até acabar em um silêncio pleno

GRITOS,SUSSUROS E GEMIDOS

RRMM

ROBERTO ROMANELLI MAIA

E

MARIA ANTONIA CANAVEZI SCARPA

(TILIA CHEIROSA)

Há dentro de nós milhares de gritos,

gemidos, sussurros e reclamos que se sucedem

numa busca por um amor mútuo que não seja finito.

Que não acabe de forma sombria.

Que não nos ultraje, que não nos use

e que não nos transforme em um mero passatempo.

Um do outro.

Que não rasgue nossas entranhas

e destrua nossa alma e o nosso coração.

Que com o transcorrer do tempo se solidifique

e não desmorone como castelos de cartas.

Sim, queremos gritar aos quatro ventos

sobre a nossa paixão, o nosso amor e a nossa felicidade.

Queremos mostrar a todos que nossas feridas fecharam.

Cicatrizaram.

Que nossas mágoas, tristezas, sofrimentos,

angústias e decepções não mais se repetirão.

Sim, queremos que todos os nossos desamores

permaneçam guardados ou perdidos no passado.

Que as muralhas que construímos a nossa volta estejam,

desta vez, definitivamente derrubadas.

Que nossas raivas e muito da fúria,

por tanto tempo incontidas,

dentro de nós, tenham sido varridas.

Para sempre.

Que a musica que ouvimos,

quando pensamos um no outro ou estamos juntos,

seja sempre aquela com um mesmo ritmo.

E uma mesma sintonia.

Que ela apenas preencha, de inspiração, de sensibilidade,

de carinho, de afeto e de cumplicidade,

as nossas almas e os nossos corações.

Que as nossos sentimentos, as nossas ações e reações

não nos cause, nunca mais, nenhum arrependimento.

E que nossa paixão e o nosso amor não seja efêmero.

Nem que ele se dilua no espaço tempo.

E que as nossas descrenças agora,

hoje e já passem a ser apenas a certeza

de que temos um ao outro.

Que nos queremos e nos amamos.

Sim, para que mais?

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 16/05/2007
Reeditado em 16/05/2007
Código do texto: T489485
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