Dueto : Fulgores

Queimo-me nas labaredas desta louca paixão,
Que lentamente me consome, aos poucos,
Sinto meu corpo se esvanecer, fico louco,
Com tua chama, que me lambe, sem perdão.

Com mil línguas tu me envolves inteiramente,
A todo meu corpo, a cada um de meus membros,
Braços, pernas, pés, mãos, que nem mesmo lembro
De mim mesmo, torno às cinzas simplesmente.

Sofro, sim, sofro muito com este martírio
Que me afliges a cada momento, a cada instante,
Quando estamos distantes, tendo por colírio,

Para a retina que só vê teu vulto em todo lugar,
Que anseia por ter-te em seu foco, como amante,
E que se queima, de tanto e tanto te amar.
..
 
Entorpecida em teu fulgor, que me clama, que me lambe,
Em teu quente abraço me entrego cega em torpor,
Embevecida por teu inebriante contato, teu calor,
A teu afago me entrego cega até que eu tombe.

Dias e noites tua imagem me acompanha, me domina,
Ainda que eu vague por paragens distantes tu estás
Em minha mente, em meu coração, fique, não vás,
Como clamo por ti, sei que me clamas, tu me fascinas.

A cada dia, a cada noite, a todo instante estás presente,
Estás em mim, me contém, me faz arder, inflama e queima,
Me alimenta como o tecido que nutre a flor, és meu floema,
És a seiva que circula em mim, premente e envolvente.

Entrelaçados num abraço, somos tomados por desejos,
Tanto ardor nos envolve por inteiro, loucura plena,
Vivemos o delírio, somos uno, não acordemos nesta cena,
Resta-nos viver o epílogo de nosso amor em quentes beijos.
LHMignone e Vana Barsan
Enviado por LHMignone em 15/06/2014
Reeditado em 27/11/2016
Código do texto: T4845530
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