A FOTO DAS MEUS RETRATOS
Fotos antigas por entre as paredes
Seguem-me olhares interrogativos
Olhares fantasmas de tempos antigos
Presos em rostos desconhecidos
Olhares, olhares, olhares...
Olhares para todos os cantos
Miram as flores inexistentes desta casa
Enfeitei o meu passado com retratos
Hoje encontro diversão num dia chato
Olhando por onde passei nesta estrada
Pudera dizer-me estes olhares
Os segredos do passado
Os sussurrares do presente
Os caminhos do futuro...
Dizer-me as respostas...
Respostas que nestas paredes se escrevem
Manchas de quem me sujou
Vasos quebrados dos pequenos da gente
Filhos meus que não concebi
Herdeiros bastardos de planos inventados
Fi-os num momento querido
Hoje os tenho tão modificados
Que se os tivesse de verdade
Nada de mim neles teria ficado
Ou talvez os meus e os teus olhos...
Com a senhorita Cecilia Arcanjo