Por Favor, não vá - Má Oliveira & Por favor, não vá - Margaret Pelicano

(para uma amiga, mais querida do que uma irmã)

Areias revoltas...

Paz onde estás?

Teu azul olhar... já sinto a chorar

Pânico me corroendo...

posso ver o reflexo do teu dourado,

no deserto,

refletindo ao luar

E no frio da noite, só me resta orar,

controlando meus soluços

que meu peito apertam

e de vermelho o tinge

Não consigo aceitar !

A compreensão me falta.

O que leva o homem ao outro apartar?

Se ao mesmo pai, iremos um dia retornar

e tão somente à ele

contas prestar!

Maldita tragédia humana, nos mutila o espírito

e nossos entes amados nos arranca...

só me resta rezar,

pedindo ao vento irado que a areia levanta,

pra que te encubra num manto de proteção,

ofuscando dos inimigos a visão,

poupando-te de ser a futura vítima ...

eu não suportaria

te ver ampliar esta horrenda lista

que a guerra chama de estatística

Irmã de minh’alma,

Não vá...

Sorocaba/SP

POR FAVOR, NÃO VÁ...

Margaret Pelicano

Por favor não vá!

A noite aí fora é um espanto,

gritos lancinantes ecoam ao vento,

são pássaros, corujas, visagens ao relento?

Por favor, não vá agora...

aguarde o amanhecer ruminescente,

a noite cheia de perigos efervecentes

pode prejudicar sua saúde...

farei uma novena

ficarei a Deus reverente,

prostrada aos pés do Criador,

para que Ele o proteja seja como for...

Que tire de seus caminhos o ataúde,

de seus passos a lentidão do peso da guerra,

das vielas os danosos drenos

e até a dor pequena...

Por isso, por favor, não vá agora,

espere a aurora

o brilho radiante do sol

saia como caracol

Lentamente me abandone

para que meu coração fotografe

o chapéu, o terno, o jeito de andar

a foto será meu cicerone

se um dia quiser você encontrar!

Brasília - 02/05/2007

Má Oliveira
Enviado por Má Oliveira em 03/05/2007
Código do texto: T473056