GREVE DAS PANELAS 
BARRIGA VAZIA


As panelas penduradas
Não têm serventia no fogão
Encardidas, na parede
Teias de aranha lá estão, esquecidas.
Na pobreza das favelas
Esqueceram que aqui mora gente
Anunciam um grito mudo
O roncar das barrigas vazias
Da greve das panelas.
Há muito tempo não cozinham.

Há tantos anos
O governo promete...
Padecem de fome
Fartam-se na miséria
Não cozinham sonhos
Vasculham migalhas no lixão
Pra criança sem nome.
Vê se dorme, pra passar a fome!

As panelas na parede
Moldura do barraco
A criança sem nome
Já nasceu com fome
Desnutrição na rede.
Leite escasso, barriga d'água; barriga vazia!

Isso é cidadania?
Ninguém lhe dá uma resposta.

GILNEI NEPOMUCENO
MARIANA SAYURI


Gilnei Poeta
Enviado por Gilnei Poeta em 30/04/2007
Código do texto: T469278
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