* Horas vazias
Vany Grizante e Obed de Faria Jr.
Tardes taciturnas.
Noites enevoadas.
Pela janela de meu quarto
a solidão das multidões.
Vejo como que teu contorno
na confusão das cortinas
e não me conformo.
Como podes não estar aqui?!
Madrugadas claudicantes
errando passos no nada.
O espaço é maior na cama
daquele lado em que faltas.
Sinto esse estranho vazio
escorrendo nos vãos das cobertas
e assim não me aqueço.
Meu repouso esqueci contigo.
O sol nasce com riso amarelo
nas manhãs que mal se levantam.
Vem sem graça pelas frestas
por onde sangram saudades.
Tua imagem ainda paira
nas sombras densas que voam
nesse ar que é só de suspiros.
Os dias são de esperar...
Tristes entardeceres,
há frio onde não havia.
Com o por do sol, minhas desventuras
se põem a desesperar.
Na noite que mal caminha,
busco um rumo entre rumores:
há de haver mais do que sombras
na vida que anoitece.