Afrodite e Eros
Meu Eros..
(Vana Barsan)
Não posso crer no que assim ora te ouço dizer,
Pois fostes eternamente a imagem do amor, meu apogeu,
Em cuja fragilidade me ancorei, mesmo sem te ver,
Por ti sofri e chorei, porém esse amor me reergueu.
Amadureci, entendendo meu dever de seguir, viver,
Ainda que paralelos, sem te ter em nosso castelo,
Que construí, que sonhei e que não pude ter,
Ao ver destruidos e rompidos os nossos elos .
Ver-te sorrir, feliz, mesmo que com outro amor,
Impôs-me o propósito de seguir, por ver,
Que seria bem melhor te ver a ascender,
Ainda que teu amor não fosse eu.
Divaguei por noites sem fim, em ti, meu querubim,
Que flechou meu coração e levou contigo a emoção,
E se tornou meu ídolo, meu ideal, tão distante de mim,
Enchendo de amor o meu sonhador coração.
A vida se faz criança e brinca baldia,
Reverte a situação, Inverte a emoção, atrevida.
Ontem, indiferente, não me permitiu fraquejar,
Indicando-me apenas seguir e persistir a sonhar.
Não pode agora definhar, nem ao menos fraquejar,
Restando-me apenas continuar a caminhar e criar,
Na poesia expressar o matiz de uma longa vida,
Sonhar, produzir, aflorar, crescer na Poesia.
Estarás sempre em mim, como sempre esteve, meu Eros,
Cavaleiro que com sua lança em riste me perfurou,
Penetrou em meu ventre, meu útero e em meu coração
E deles nunca saiu, nem mesmo um dia sairá.
Hoje, por justiça, permita que eu esteja em ti,
Por todo sempre, que seja para ti eterno, não efêmero,
Que seja para sempre tua Afrodite, tua sedução.
Minha Afrodite...
(LHenrique Mignone)
Oh, querida e seleta filha de Dione e Zeus,
Deusa do amor, de cujo ventre fui extraído,
Inoculado por Ares, deus da guerra, aguerrido,
Tornado Eros, da paixão e do amor, um deus.
Na infância, deste-me teus seios a sugar, lactante,
Acolheste-me em teu colo, em teu sacro regaço,
E hoje, como homem, nem mesmo sei o que faço,
Quando a eles retorno, desta feita como teu amante.
Mantiveste-me assim, infante, para sempre criança,
Belo e irresistível, ignoto ao próprio bom senso,
E hoje, se me acolho em teus braços, em consenso,
O faço livre, mantida mulher em minha lembrança.
Contigo, arrostaremos mundos, o próprio universo,
Perdidos dentro de nossos próprios mundos, de dia,
Encontrados à noite em nosso leito, imersos em poesia,
Cantando-te e louvando-te ao saborear de cada verso.
Em teu ventre para sempre me acolherei, finalmente,
Penetrando-me em ti, em teu útero amado e materno,
Far-me-ei parte de ti, por tempo infinito e afinal eterno,
Te amarei para sempre, como ora o faço, docemente.
E amanhã, se por acaso assim o quiser o próprio Zeus,
Que nos separemos, que sigamos caminhos paralelos,
Me insurgiria, não permitiria desfazer este eterno elo,
Que nos fundimos quando me entreguei aos braços teus.
(LHenrique Mignone)
Oh, querida e seleta filha de Dione e Zeus,
Deusa do amor, de cujo ventre fui extraído,
Inoculado por Ares, deus da guerra, aguerrido,
Tornado Eros, da paixão e do amor, um deus.
Na infância, deste-me teus seios a sugar, lactante,
Acolheste-me em teu colo, em teu sacro regaço,
E hoje, como homem, nem mesmo sei o que faço,
Quando a eles retorno, desta feita como teu amante.
Mantiveste-me assim, infante, para sempre criança,
Belo e irresistível, ignoto ao próprio bom senso,
E hoje, se me acolho em teus braços, em consenso,
O faço livre, mantida mulher em minha lembrança.
Contigo, arrostaremos mundos, o próprio universo,
Perdidos dentro de nossos próprios mundos, de dia,
Encontrados à noite em nosso leito, imersos em poesia,
Cantando-te e louvando-te ao saborear de cada verso.
Em teu ventre para sempre me acolherei, finalmente,
Penetrando-me em ti, em teu útero amado e materno,
Far-me-ei parte de ti, por tempo infinito e afinal eterno,
Te amarei para sempre, como ora o faço, docemente.
E amanhã, se por acaso assim o quiser o próprio Zeus,
Que nos separemos, que sigamos caminhos paralelos,
Me insurgiria, não permitiria desfazer este eterno elo,
Que nos fundimos quando me entreguei aos braços teus.