DESPIR-SE
INSENSATEZ
Despi-me de tuas vontades
Do gosto da tua boca, do
Cheiro do teu corpo, que aos
Poucos me tornavam cativos de ti.
Despi-me do teu amor, essa
Insensatez que me arrasta
Ao delírio, quando tuas mãos
Delineavam as curvas do meu corpo.
Despi-me da saudade, que rondava
Minhas noites, na ausência louca
Do teu beijo, delirava nas entrelinhas
Na falta do aconchego, do teu corpo.
Despi-me das esperas, das
Angústias nebulosas, quando
Minhas esperanças esvaiam
E sozinha me flagravam no desespero.
Enfim: Despi-me de você...
Fantasma de minhas ilusões
Porto que adentrei, sem teto
Vagão de minhas noites sem fim.
Maria Aranilda Araújo
DESPIR-SE
Despi-me de ti!
E ao fazê-lo,
de mim mesmo me despi
Posto sermos dois
e ao mesmo tempo
sermos um
Corpo, cheiro, sonho
Noite, medo, dor
Riso, rosto, rosa
Abismo, ausência, fim
Despi-me de ti, assim
Tão somente porque
Você,
insensível ou sem saber
Despiu-se por completo de mim.
W.M. França