A sinfonia dos ventos
Nas ruas desertas de silêncios
Ouço o assobio do vento
Maestro com batuta
Regendo sinfonia
A sinfonia dos ventos...
O vento abraça um lamento
Entoa canção que voa
Tento enxergar tua voz, tua luz
E a luz do vento me cega...
Fura os olhos das pedras
Dançando poeira no ar
Passos livres-bailarinas
Vento são meninas
À soluçar
Debruçadas no leito do luar...
Solidão me consome
Dorme por cima de mim as horas
Meus lençóis não são desse mundo
Sou amante de esfinges
Vida!
Sou o que me intriga
Vida, sem vida, levitando
Me perco, te amando
Me encontro em teu corpo...
Exponho minha morte em vitrines
Dependurada em cabide feito roupas no varal
Perturbado de tanto amor
Amor que não cabe em si, dentro de mim
Feridas n'alma negra, sangra
Feito vinho derramado
E sugado por mosca
Debatendo-se sem esperanças sobre o nada
Tenho estado vazio e cheio de tudo...
Caos em anéis de poeira
Perdidos em órbitas
O vento faz a curva no labirinto
Antes de jogar-se e afogar-se no abismo
Mais profundo do meu ser...
Tony Bahi@ & Francisco Cavalcante